terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Carta Mensal - Dezembro de 2011


Tournay, 30 de novembro de 2011.
            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
Paz!
No final deste mês, festejaremos Natal. Nossos corações se voltam para Belém, contemplando a encarnação de Deus em nossa terra. Quando do seu nascimento, os anjos proclamaram: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra para os seus bem-amados” (Lc 2,14). E, no entanto, a terra onde Jesus nasceu não goza de paz: as nações que lá estão, israelenses e palestinos, vivem num clima de violência. Por isso, quero convidar vocês para rezarmos pela paz na terra em que o Cristo viveu!

« É tempo para os palestino e israelenses partilharem uma paz justa. É tempo de respeitar a vida humana nesta terra que dizemos santa; para começar a cura das almas feridas; para que se acabe 60 anos de conflito, opressão e medo; para que a liberdade suceda à ocupação. É tempo para a igualdade de direitos; para que cesse a discriminação, a segregação e a restrição dos movimentos. (…) É tempo para que os israelenses tenham segurança e fronteiras seguras em acordo com os seus vizinhos; para que a comunidade internacional aplique 60 anos de resoluções das Nações Unidas; para que o governo israelense aceite o acordo oferecido pelas iniciativas de paz árabe; para que todos os que representam o povo palestino participem ao estabelecimento da paz; para que os refugiados  reencontrem seus direitos e um lar permanente; para que os colonos que vivem nos territórios palestino ocupados se instalem em Israel; para a autodeterminação. É tempo para que os estrangeiros visitem Belém e outras cidades prisioneiras do muro. (…) É tempo de denunciar o vergonhoso castigo coletivo e que se ponha fim a ele de todas as formas; de rechaçar com firmeza a violência que atinge civis e de garantir que todos estejam em segurança; de libertar os prisioneiros e de julgar equitativamente aqueles que são legitimamente acusados; (…) para que todos respeitem as normas do direito internacional humanitário e dos direitos humanos. É tempo de compartilhar Jerusalém, capital das duas nações e cidade santa de três religiões.; para que muçulmanos, judeus e cristãos tenham liberdade para visitar os lugares santos; para que as oliveiras floresçam e que seus frutos amadureçam na Palestina e em Israel. É tempo de honrar todos os que sofreram, palestinos e israelenses; de tirar lições das injustiças passadas; de compreender a razões da ira e de eliminar suas causas; para que aqueles que têm as mãos manchadas de sangue reconheçam o que fizeram; para suscitar o perdão entre as comunidades e de reparar toda uma terra ferida; de avançar como seres humanos todos feitos à imagem de Deus. Todo que possa dizer a verdade ao poder deve dizê-lo. Todo aquele que quer romper o silencio que cobre a injustiça deve rompê-lo. Todos que  tenham algo para dar à paz, devem dá-lo. Paraa a Palestina, para Israel, para nosso mundo perturbado, é tempo de paz » (Mensagem para a Semana Mundial pela Paz na Palestina e Israel 2011, promovida pelo Fórum Ecumênico Israel-Palestina Internacional do Conselho Mundial de Igrejas: http://www.oikoumene.org/en/programmes/public-witness-addressing-power-affirming-peace/churches-in-the-middle-east/pief/world-week/message-its-time-for-palestine.html).

Rezemos assim:

Bendito sejas, ó Deus, pelo dom que nos deste no teu Filho Único, que nasceu em Belém, como Príncipe da Paz para destruir os muros que nos separam as pessoas. Olha para a terra em Jesus nasceu: liberta-a da indiferença, do desprezo e da violência, que produzem apenas ódio e matança. Inspira os palestinos e israelenses: conde-lhes libertação, liberdade e dignidade. Guia os seus  dirigentes , para que sirvam à causa da reconciliação. Que tua Palavra de amor se derrame sobre todos. Guia-nos todos no caminho da justiça e da paz. Tudo isso te pedimos em nome daquele que veio partilhar nossa humanidade e nos conduzir à tua divindade: Jesus, teu Filho amado, na unidade do Espírito Santo.

Feliz Natal!
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Carta Mensal - Novembro de 2011

Tournay, 31 de outubro de 2011.
            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Aqui na França, uma das discussões mais quentes é sobre o nuclear. Seja o nuclear militar: a França possui 300 bombas, cada uma com um poder de destruição dez vezes mais potentes que a bomba de Hiroshima. Seja também o nuclear, com fins civis: cerca de 78% da energia utilizada em França é de origem nuclear.
Se estendemos este quadro para todo o mundo, poderemos nos assustar: os arsenais atômicos mundiais atingem cerca de 22.500 bombas: a Rússia possui 11 mil; os Estados Unidos, cerca de 8.500; a França 300; China, 240; Reino Unido, em torno de 225; Paquistão entre 90 e 110; a Índia, entre 80 e 100; Israel, 80; Coreia do Norte, em torno de 10. De todo este arsenal, cerca 1.800 em estado de alerta. Os Estados Unidos possuem atualmente um protocolo de resposta de 20 minutos após a detecção de um míssil não-identificado. Verdadeiramente, a guerra fria não é coisa do passado!
 Cada uma destas bombas pode destruir uma cidade como Paris num raio de 15 km! Além do poder de destruição, há a questão do custo. O orçamento nuclear militar anual da França, por exemplo, é de R$ 8.500.000.000,00. O que se poderia fazer em termos de educação e saúde com um dinheiro deste?
É a segurança internacional que está em causa: não somos protegidos pelas armas nucleares, ao contrário somos justamente um alvo. Isto sem falar de acidente nucleares, como o ocorrido recentemente em Fukushima, no Japão, classificado em grau máximo.
            É verdade que cresce no mundo um movimento para limitar as armas nucleares. O Tratado de Não-Proliferação (TNP), em vigor desde 1970, com adesão de 189 países, objetiva limitar a expansão das armas nucleares, onde os países detentores de armas nucleares ficam obrigados a não transferir essas armas para os que não têm, enquanto esses se comprometem a não buscar armas nucleares. Mas Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte não fazem parte deste Tratado. Em 2010, na ONU, houve uma importante Conferência para Abolição Total das Armas Nucleares, onde se propôs a relizar o objetivo de um mundo sem armas nucleares até 2020. A proposta é de uma Convenção de Eliminação de Armas Nucleares, que proibirá a fabricação, o estoque, a transferência, o empreggo e a ameaça de uso de armas nucleares. A necessidade de uma tal Convenção foi aprovada por ¾ da Assembleia Geral da ONU, em dezembro de 2010.

Assim, convido a todos a sustentarmos com nossa pobre prece este importante processo de desarmamento para a paz no mundo. Rezemos assim:
Ó Deus da Paz e da Vida, que inspiraste teus profetas a te anunciar como um Deus que destrói todas as armas (Cf. Os 2,20) e que suscita a humanidade a transformar espadas em arados (Cf. Is 2,4), nós te pedimos abençoar todas as pessoas e grupos que lutam pela abolição das armas nucleares. Liberta a humanidade da ameaça da destruição total e confirma em todas as nações a convicção que a paz e a segurança virão somente pelo diálogo e entendimento mútuo. Que os orçamentos nucleares sejam convertidos para a educação, a saúde e todas as áreas que contribuem para o elevação de cada ser humano. Isto te pedimos por Cristo, Messias da Paz, teu Filho e nosso Senhor. Amém.
Unidos nesta convicção, recebam meu abraço fraterno,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Carta Mensal - Outubro de 2011

Nyons, 28 de setembro de 2011.
            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
No dia 27 de outubro próximo, o Papa Bento XVI organizará, em Assis, um dia de reflexão, de diálogo e de oração para a paz e a justiça no mundo, em comemoração dos 25 anos do histórico encontro, quando o Papa João Paulo II, em 1986, reuniu representantes de todas as religiões do mundo para rezar pela paz. Este ano novamente, o Papa se fará peregrino em Assis, convidando as diversas confissões cristãs, representantes das tradições religiosas do mundo e todas as pessoas de boa vontade à se unirem a esta proposta. Este ano, o Papa convidou também personalidades do mundo da cultura e da ciência, mesmo que não religiosas.
As delegações partirão de Roma, de trem, na manhã do 27 de outubro, junto com o Papa. Na chegada, em Assis, todos irão à Basílica de Santa Maria dos Anjos para fazer memória dos encontros precedentes e para refletir o tema proposto pela Papa. Após um almoço frugal, haverá um tempo de silêncio para oração e meditação pessoal.  Depois, todos os participantes irão à Basílica de São Francisco à pé e em silêncio, onde renovarão solenemente seu engajamento pela paz.
O tema desta Jornada é: “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz”. Com este tema, o Papa quer significar que cada um de nós é, no fundo, um peregrino à procura da verdade e do bem. O homem religioso permanece sempre em marcha para Deus: de lá nasce a possibilidade e, mesmo, a necessidade de dialogar com todos, crentes e não-crentes, sem renunciar sua identidade ou cair no sincretismo. Na medida que a peregrinação pela verdade é vivida de forma autêntica, ela se abre ao diálogo com o diferente, não excluindo ninguém e nos engajando todos a sermos construtores de fraternidade e de paz. Esta é a razão pela qual personalidades do mundo da cultura e da ciência, mesmo que não religiosas, serão convidadas a participar.
Este tema e este encontro é sumamente importante. Nós todos sabemos quantas violências e guerras  tiveram nas diferenças religiosas suas causas principais. Nós também sabemos o quanto as diferentes religiões podem contribuir para o crescimento da fraternidade, da tolerância e da convivência entre as pessoas. Se as religiões de todo mundo conseguem dialogar e viver em paz, isto será para a humanidade um grande e importante sinal que a paz é possível.
Em preparação a esta Jornada, o Papa Bento XVI presidirá, na véspera, na Basílica de São Pedro, uma vigília de oração com os fiéis da Diocese de Roma. As Dioceses e diferentes comunidades do mundo são convidadas a organizar momentos semelhantes de oração. O Papa pede aos católicos de todo mundo a se unirem espiritualmente a esta celebração deste acontecimento importante. Não será para nós uma bela oportunidade de visibilizar nossa rede de orantes pela paz, com a realização de um encontro e de um momento, simples e profundo, de oração comum?
Assim, convido a todos a rezar para que os crentes unidos sejam sinais e forças de paz:
Ó Deus da Paz, há 25 anos, à convite do Papa João Paulo II, tu reuniste líderes de todas as religiões para orarem pela paz. Este ano, mais uma vez, à convite do Papa Bento XVI, tu reúnes representantes de todas as religiões para uma Jornada de reflexão e oração comum. Assim como São Francisco de Assis, inspirado por ti, contribuiu para aproximar as pessoas do seu tempo, reaviva em nós o espírito de Assis, para que os crentes de todas as religiões possam se unir na construção da paz. Que as religiões deem ao mundo um testemunho de compaixão e de diálogo, para que o mundo creia que a paz é possível. Isto te pedimos por Cristo, Messias da Paz, teu Filho e nosso Senhor. Amém.
Unidos nesta convicção, recebam meu abraço fraterno,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Carta Mensal - Setembro de 2011


Tournay, 28 de agosto de 2011.
                Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                                Paz!
Neste mês de setembro, mais uma vez, a ONU convida as nações do mundo inteiro a celebrar o dia 21 de setembro, como dia mundial da paz. Esta data é uma bela ocasião para que pessoas, grupos, organizações e países manifestem gestos e compromissos pela paz mundial. O primeira Dia Mundial da Paz foi celebrado em setembro de 1982, coincidindo com a abertura da Assembleia Geral da ONU. Em 2002, esta mesma Assembleia Geral declarou o dia 21 de setembro como “Dia Internacional da Paz”, entendido também como um dia de “cessar-fogo”.
Assim, convido vocês a rezarem por todas as organizações que, no mundo inteiro, contribuem para a causa da paz entre os povos, especialmente pelas Organização das Nações Unidas.  Mesmo com serve  todas suas limitações, ela constitui um vivo instrumento no serviço da paz.
A Organização das Nações Unidas, com seus diversos braços, atua especialmente na busca de pontos de consenso para a concretização de medidas duradouras de paz. Podemos resumir o trabalho da ONU em três palavras: “peacemaking”; “peacekeeping”;  “peacebuilding”. “Peacemaking” é a sua atuação para resolução não-violenta dos conflitos, feita através especialmente de suas assembléias e do conselho de segurança. “Peacekeeping” é o trabalho para reduzir a violência e manter a paz situações de extremo conflito, sobretudo através das forças de paz, os assim chamados “capacetes azuis”.   “Peacebuilding” diz respeito a construção da paz especialmente pelo desenvolvimento dos potenciais humanos: aí poderemos lembrar os diversos braços da ONU que atuam em áreas específicas, como a FAO (alimentação), UNESCO (educação e cultura), UNICEF (infância), OMS (saúde), etc.
Em 2000, os estados-membros da ONU engajaram-se num compromisso compartilhado com a sustentabilidade do Planeta. Eles estabeleceram um conjunto de 8 macro-objetivos, a serem atingidos pelos países até o ano de 2015, por meio de ações concretas dos governos e da sociedade, conhecidos como “Os oito jeitos de mudar o mundo”: 1) Acabar coma fome e a miséria; 2) Educação básica de qualidade para todos; 3) Igualdade entre sexos e valorização da mulher; 4) Reduzir a imortalidade infantil; 5) Melhorar a saúde das gestantes; 6) Combater a AIDS, a malária e outras doenças; 7) Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; 8) Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.
Há alguns anos, discute-se uma reforma das Nações Unidas. Entre os pontos que são levantados, inclui-se a transformação dos representantes dos países em representantes das nações, como deputados dos povos membros. Também sugere-se que as resoluções dos dois Tribunais, o de Haia que julga questões entre países) e o de Roma (que julga questões entre pessoas e países) tenham força coercitiva. Um outro ponto é a constituição do Conselho de Segurança: alguns países como o Brasil, reivindicam um lugar no conselho permanente, mas outros propõem o fim de membros permanentes no Conselho de Segurança, dando um estatuto de real igualdade entre nações.
Proponho que, além de assumir esta intenção de oração, possamos falar deste tema às pessoas que nos rodeiam. No dia 21 de setembro, podemos acender uma vela e consagrarmos um momento de oração pela paz no mundo. Rezemos com as palavras deste hino dos negros americanos:
« A começar em mim, prometo a meu Senhor que a cada passo que eu der, e seja onde for, a cada momento estarei vivendo em plena paz e amor.
Haja paz na Terra, a começar em mim.
Irmãos nós todos somos, filhos do mesmo Deus. Juntos pois caminhemos, na paz que vem dos céus.
Haja paz na Terra, a começar em mim”.
Com toda minha amizade e estima,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Carta Mensal - Agosto de 2011

Tournay, 31 de julho de 2011.
            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
De 16 à 21 de agosto próximo, em Madri, será realizada a 26a Jornada Mundial da Juventude. Espera-se cerca de um milhão e meio de jovens de todo mundo que, entre outras atividades, irão se encontrar com o Papa Bento XVI. O tema escolhido para este evento foi extraído da Carta aos Colossenses: “Enraizados e fundados em Cristo, firmes na fé” (Col 2,7).
Assim, quero convidar a você para rezarmos este mês pela juventude do mundo inteiro: para que possa renovar seu compromisso e engajamento para a paz. Nós sabemos como a juventude é sensível, desejosa e generosa aos apelos da Paz. Mas temos consciência, também, de como a violência, através de suas múltiplas manifestações, pode seduzi-la e conduzi-la a uma viagem sem volta.
Para que a juventude possa se engajar pela paz é necessário que as instâncias educativas, como a família, a escola e a Igreja, e também todo o conjunto da sociedade, possam estimular os jovens a este compromisso. Na sua mensagem para o dia mundial da paz de 1979, o Bem-aventurado Papa João Paulo II, que começava seu ministério pontifício, escolheu como tema “Para alcançar a paz, educar para a paz”. Neste importante pronunciamento, este papa definia em três pontos esta tarefa de educar a juventude para a paz: encher os olhos com “visões de paz”, irradiando os múltiplos exemplos de paz e não-violência; falar uma linguagem de paz, que acolhe e una as pessoas, sem marginalizá-las; realizar gestos pela paz no cotidiano e de forma durável. Assim, os jovens poderão responder a este apelo do Papa, ainda neste mesmo documento: “Jovens: sede construtores de paz. (…) Resisti às facilidades que adormentam na mediocridade triste, bem como às violências estéreis em que vos querem utilizar por vezes os adultos que não estão em paz consigo próprios. Segui as vias para as quais vos impele o vosso sentido da gratuidade, da alegria de viver e da compartilha. Vós gostais de investir as vossas energias moças - que se esquivam aos apriorismos discriminadores - em encontros fraternais para além de fronteiras, na aprendizagem das línguas estrangeiras que facilitam a comunicação, e no serviço desinteressado dos países mais desprovidos de bens. (…) Vós sois a promessa da paz”.
Nesta intenção, rezemos, então, a oração oficial deste encontro:

            Amigo e nosso Senhor Jesus Cristo, como és grande! Com as Tuas palavras e obras revelaste-nos quem é Deus, Teu Pai e Pai de todos nós, e quem Tu és: nosso Salvador.   Tu nos chamas a estar contigo: queremos seguir-Te onde quer que vás.
            Damos-Te graças pela Tua Encarnação. És o Filho Eterno de Deus, mas não Te incomodou humilhares-Te e fazeres-Te homem. Damos-te graças pela Tua Morte e Ressurreição: obedeceste à vontade do Pai até ao fim. E por isso és Senhor de todos e de todas as coisas.
            Damos-Te graças porque na Eucaristia ficaste entre nós. A Tua Presença, o Teu Sacrifício, o Teu Banquete, convidam-nos a sempre nos unirmos a Ti. Chamas-nos a trabalhar contigo. Queremos ir onde Tu nos enviares, a anunciar o Teu Nome, a curar em Teu Nome, a acompanhar os nossos irmãos até Ti.Dá-nos o Teu Espírito Santo, que nos ilumine e fortaleça.
            A Virgem Maria, a Mãe de Deus que nos deste na Cruz anima-nos a fazer o que Tu nos dizes. Tu és a Vida! Que o nosso pensamento, o nosso amor e o nosso trabalhar tenham as suas raízes em Ti! Tu és a nossa Rocha! Que a fé em Ti seja o fundamento sólido de toda a nossa vida!
            Pedimos-te pelo Papa Bento XVI, pelos Bispos, e por todos os que preparam a próxima Jornada Mundial da Juventude em Madrid. Pedimos-te pelas nossas famílias, pelos nossos amigos, e em especial pelos jovens que te vão conhecer neste encontro. Pelo testemunho firme e gozoso da fé. Amém.

Com toda minha amizade e estima,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Carta Mensal - Julho de 2011

Tournay, 30 de junho de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Há alguns dias, na noite de 25 à 26 de junho, a ACAT – Ação dos cristãos contra a tortura – promoveu a “Noite dos Vigilantes”, por ocasião do Dia Mundial das Nações Unidas de Solidariedade às Vítimas da Tortura. Estimou-se cerca de dez mil pessoas em oração, em cerca de trinta países, meditando uma palavra do profeta Isaías: “Tu vales muito a meus olhos” (Is 43,4).
Motivado por este acontecimento, proponho que assumamos esta intenção para nossa oração mensal pela paz, continuando esta bela iniciativa. Mesmo que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no seu artigo 5, tenha proclamado “ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”, nós sabemos como a prática da tortura é ainda difundida. Dos 189 membros da ONU, apenas 129 são membros da Convenção contra a Tortura de 10 de dezembro de 1984. E dos que fazem parte, muitos ainda não tomaram as medidas necessárias para garantir plenamente sua aplicação, permanecendo passivos face à prática da tortura.
Os direitos humanos são base e fundamento da paz. E enquanto alguém tiver seu corpo torturado ou exposto a um castigo cruel ou degradante, mesmo que não existam mais guerras, não poderemos dizer que vivemos em paz. Nada pode justificar a tortura. A tortura, sobre qualquer forma, desconhece o valor inalienável da pessoa humana. 
O Cristo mesmo foi torturado longamente: o que é a cruz senão um instrumento de suplício? E se a veneramos como sinal de vitória sobre a morte, é justamente para que ninguém mais sofra tais atrocidades. O sinal da cruz que cotidianamente fazemos manifesta a nossa fé: fé num Deus que ama o ser humano, fé num Deus que é capaz de perdoar seus algozes, fé num Deus que revela a inalienável dignidade humana. Cada vez que traçamos a cruz de Cristo sobre nós ou nos reunimos em torno da cruz, reconhecemos o valor de cada vida humana aos olhos de Deus e nos comprometemos por um mundo justo, onde os direitos humanos são reconhecidos e praticados.
Rezemos, então, pelas vítimas da tortura: para que Deus lhes dê a força de não sucumbir e a graça de se reconstruir.
Rezemos pelos algozes: para que tomem consciência de suas ações e mudem de vida.
Rezemos pelos governantes: para que tomem medidas concretas para erradicarem a tortura.
Rezemos pela sociedade; para que mantenha os olhos abertos e se sensibilize.
Rezemos pelos defensores dos direitos humanos: para que não esmoreçam.
Rezemos pela humanidade, para que possa descobrir o que Deus já descobriu: cada vida humana vale muito!
Rezemos, então, assim:
Ó Deus da paz, tu cuidas das aves do céu e dos lírios do campo. Para ti, a vida de cada ser humano tem muito valor. Nós te pedimos a graça de descobrirmos esta inalienável dignidade de cada ser humano. Ajuda-nos a construir um mundo onde ninguém seja mais torturado ou submetido as um castigo cruel e degradante. Arranca de nossos olhos a indiferença e torna-nos solidários às vítimas da tortura: unidos possamos continuar a obra do teu filho Jesus, que sofreu a tortura para que ninguém mais a sofresse. Isto te pedimos, por Ele, teu Filho e nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Com toda minha amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Carta Mensal - Junho de 2011

Tournay, 30 de maio de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Pela internet, tenho acompanhado o debate nacional em relação à adoção de uma legislação, denominada popularmente “lei da palmada”, para proibir os pais de abusarem fisicamente das crianças. No mês de maio, a rainha Sílvia da Suécia e a apresentadora Xuxa Meneghel participaram de um debate na Câmara Federal, que designou uma comissão especial para analisar a proposta, já adotada pelos suecos desde 1979. Neste mesmo mês de maio, o papa Bento XVI anunciou o tema para a celebração da próxima Jornada Mundial da Paz de 2021 : «Educar os Jovens à Justiça e à Paz». Assim, motivado por estes acontecimentos, quero convidá-los, neste mês de junho, para rezar por nossas famílias, por todas as famílias, para que sejam espaços de paz e de não-violência!
Sem dúvida nenhuma, todos nós somos devedores a nossas famílias por tudo o que elas nos proporcionaram em relação à nossa socialização. Muitos dos valores que temos, nós os recebemos desde o nosso berço. Mas nós sabemos também que, hoje, por diversas razões e fatores, muitas famílias estão sendo atingidas por várias formas de violência e desestruturação. E que muitas famílias, por vezes inconscientemente, junto com os bons valores, transmitem também valores contrários à paz e à violência. Para usar uma imagem do Evangelho, a boa semente mistura-se com o joio. E nossas famílias, como todas as outras instâncias de nossa sociedade – como a escola, os meios de comunicação, a esfera política, as entidades religiosas, etc. - não escapam da ambiguidade que as caracterizam: de contribuir ao mesmo tempo, ora para uma cultura de paz, ora para uma cultura de violência.
Como gostaríamos que nossas famílias pudessem assumir, de forma mais explícita, valores da cultura de paz, como a resolução não-violenta de conflitos, ajudando seus membros a descobrir a força da palavra e do diálogo, ao invés de reagirem aos conflitos ou com violência ou com resignação. Ou, então, que nossas famílias descobrissem a importância de uma educação da agressividade, ajudando as pessoas a descobrirem formas construtivas de canalizar suas energias. Ou, ainda, que nossos famílias aprendessem a impor limites sem violência: atualmente muitos veem estes dois elementos como opostos. Sem esquecer que elas poderiam nos ajudar mais fortemente a ultrapassarmos os preconceitos e estereótipos, alargando em nós o sentido de uma única e mesma família humana. Enfim, que elas pudessem contribuir mais resolutamente para que as novas gerações possam fazer a experiência dos valores de uma cultura de paz nas mil e uma ações quotidianas que estão ao seu alcance.
Desta forma, nossas famílias cumpririam aquele papel que o bem-aventurado papa João Paulo II, na sua mensagem para o dia mundial da paz de 1994, «Da família, nasce a paz da família humana», assim enunciou: protagonistas da paz e à serviço da não-violência. Ao final desta comovente mensagem, ela fazia este apelo a cada família da terra: «exige esta paz, reza por esta paz, trabalha por esta paz!». Para isto, talvez, os pais precisassem eles mesmos receber uma formação. Por que não sonhar, então, com uma escola de não-violência e paz para pais e mães de famílias? Coloquemos, então, todos estes pensamentos e perspectivas, no coração de nosso Deus. Rezemos assim:
Ó Deus da paz, que enviaste teu filho Jesus para nos ensinar a lei do amor, nós te pedimos por nossas famílias e por todas as famílias do mundo, para que elas possam ensinar a colaboração no lugar da competição; o diálogo no lugar da submissão ou do recurso à violência; a confiança e a partilha ao invés do medo e do isolamento. Assim, pela força do teu Espírito, elas serão comunidades de vida e amor, à serviço da paz para a família humana inteira! Isto te pedimos, por Jesus Cristo, teu Filho e nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Na espera amorosa do Espírito Santo, prometido pelo Ressuscitado, recebam meu abraço fraterno,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Carta Mensal - Maio de 2011

Tournay, 28 de abril de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
O nosso coração ainda transborda de alegria pascal! E isto certamente porque a festa da Páscoa tem esta propriedade de nos inserir no coração da Páscoa de Cristo, de forma que a Ressurreição do Cristo deixa de ser algo exterior a nós, para se transformar numa dimensão e numa parte de nós mesmos. Nós somos a Ressurreição! Nós somos Páscoa!
É assim que quero convidar a vocês a rezar por... nós mesmos! Para que sejamos homens e mulheres de paz, nos ambientes em que vivemos, nas relações que entabulamos, nas causas que abraçamos! Para que a causa da paz e da não-violência faça vibrar nosso coração! Para que nosso coração vibre na frequência da não-violência!
Quero retomar aquela passagem do Evangelho de São João, da qual já fizera alusão na carta do mês passado, quando o Ressuscitado, vencendo o medo e o fechamento, se põe no meio dos seus discípulos e lhes dá, como o mais belo presente, o dom da paz! Quanta energia e quanta promessa nestas palavras: “a paz esteja com vocês!” (Jo 20,19-21).
Como semente a ser plantada, este “Evangelho da Paz” (Ef 6, 15) pede um acolhimento. Como acolhemos em nossa vida atual este dom do ressuscitado? Que destino damos à paz de Cristo? Mesmo que uma parte desta semente seja comida pelos passarinhos, que outra parte caia em terreno pedregoso ou em meio aos espinhos, é preciso deixar que esta semente caia em terra fértil e frutifique em nós: trinta, sessenta, cem por um! (Cf. Mt 13,3-8). A questão fundamental é deixar que este dom da paz finque raízes profundas em nós, que ele penetre nas regiões onde ainda a cólera, o rancor e a violência parecem dominar. Trata-se de um longo trabalho a fazer! Como dizia o Patriarca Atenágoras de Constantinopla (+1972), a luta mais dura é a luta contra nós mesmos. Pois se trata de algo que não se impõe de fora, como uma coerção, mas que se oferece à nossa liberdade.
Como oração deste mês, quero convidá-los a retomar uma velha oração amiga nossa,  a assim chamada “Oração de São Francisco”. Rezemos, então, assim :
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa , que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvida, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se nasce para a vida eterna.
Amém.

Com toda minha estima e amizade, do amigo e irmão
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Dia de Ação Global contra os Gastos Militares (GDAMS, sigla em inglês) - 12 de abril de 2011


O gasto militar global atingiu a estrondosa soma de 1,5 trilhão de dólares. Houve 49% de aumento desde 2000! Os Estados Unidos correspondem a 46,5% do total, ao passo que a China representa 6,6%; França, 4,2%; Reino Unido, 3,8%, e Rússia, 3,5%.

De 1998 a 2001, Estados Unidos, Reino Unido e França lucraram com a venda de armas para países em desenvolvimento mais do que os valores doados para ajuda humanitária. Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China correspondem a 80% das exportações de armas convencionais. Corporações estadunidenses e européias receberam enormes benefícios fiscais e ainda emprestaram dinheiro para que outros países comprassem armas. Desse modo, é a verba pública dos referidos países que subsidia o armamentismo mundial. Os países em desenvolvimento são os maiores alvos das vendas de armas.

Como resultado da crise econômico-financeira global, muitos países reduziram os gastos públicos à medida que aumentaram o gasto militar.

De acordo com o SIPRI - Stockholm International Peace Research Institute (“Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo”, na tradução literal), o volumoso gasto militar dos Estados Unidos foi um dos fatores que contribuíram para a paulatina deterioração da economia desse país desde 2001. Mais da metade do orçamento discricionário estadunidense é utilizado para defesa nacional.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas – composto por Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China – compreende os países de maior gasto militar do mundo. Embora criada após a Segunda Guerra Mundial para preservar a paz por meio de cooperação e segurança coletiva, o orçamento inteiro das Nações Unidas é igual a aproximadamente 1,8% do total do gasto militar mundial. Implica dizer: o gasto militar global de um ano poderia financiar 700 anos de operações das Nações Unidas.



Gasto Militar Global vs. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio



Gráfico dos Gastos Militares Mundiais




Um agradecimento especial a todos que trabalharam na tradução deste material ao português: ARTHUR RENATO MOURA BEZERRA, CAIO CESAR MARTINO, CLARISSA ROSAS TROCCOLI, ELIETE MEDEIROS DA ROCHA, FLAVIANA FERREIRA DE OLIVEIRA, JONATHAN VIEIRA DA SILVA, KYANNE KEDMA ALVES CAVALCANTI, MARIA VERONICA PEREIRA SANTOS, PRISCILA ALVES DE OLIVEIRA, RODOLFO PIMENTEL NEVES GUIMARÃES e ROMULO COELHO DE SOUSA, do Bacharelado em Tradução da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Um projeto do Institute for Policy Studies (Instituto de Estudos Políticos) e do International Peace Bureau (Gabinete Internacional Permanente para a Paz)



terça-feira, 5 de abril de 2011

Carta Mensal - Abril de 2011

Tournay, 31 de março de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
No final deste mês de abril, celebraremos, mais uma vez, a festa das festas: a Santa Páscoa. Muitos de nós participaremos da solene vigília pascal e seremos tocados pelo encanto desta celebração. Centro e cume de toda liturgia cristã, esta celebração se apresenta a cada ano como um tempo onde somos convidados a nos renovar pela energia da Páscoa do Cristo.
Certamente muitos de vocês poderão se colocar a pergunta: o que é a Páscoa de Cristo? Uma resposta possível pode ser encontrada na carta de São Paulo à comunidade de Cristo, onde o apóstolo das nações assim descreve a obra pascal do Cristo: “Ele é nossa paz: do que era dividido fez uma unidade. Em sua carne destruiu o muro de separação, o ódio. (…) Ele quis assim, a partir do judeu e do pagão, criar em si um só homem novo, estabelecendo a paz, e reconciliá-lo com Deus, ambos em um só corpo, por meio da cruz, onde ele matou o ódio” (Ef 2,14-16). O Evangelho de São João segue esta mesma linha quando coloca como primeira palavra do Ressuscitado, “A paz esteja com vocês!” (Jo 20,19.21). Repetindo-a, certamente o Cristo quer nos dizer da centralidade da paz no anúncio do Evangelho. Os Atos dos Apóstolos e o mesmo Paulo utilizam também a expressão “evangelho da paz” (At 10,36; Ef 6,15) como para dizerem que a paz resume todo o evangelho.
Assim, renovando nesta a Páscoa o engajamento de cada um pela causa da paz – sempre em busca da paz! –, quero convidar vocês a rezar para que os cristãos, num mundo de tantas violências, possam cada vez mais testemunhar a paz.
O Pe. Joseph Comblin, missionário belga no Brasil, falecido neste mês de março, na sua importante obra “Teologia da Paz” afirma que o “Evangelho da Paz de Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, revelação, missão, profecia e sabedoria” (Théologie de la paix, vol. II, p. 281). Assim ele sintetizou que a paz nos é dada como um dom de Deus a ser vivido por cada cristão, a partir do batismo, mas também para ser anunciada e concretizada no mundo. A construção da paz não é uma alternativa que os cristãos podem ou não escolher. Ela é uma exigência de nossa fé! Como os bispos católicos dos Estados Unidos afirmaram em 1983: “somos chamados a ser construtores da paz, não por influência de alguma força passageira, mas sob a de Nosso Senhor”. É o Cristo que nos faz viver a paz como uma realidade que nos transfigura, mas também colocar a seu serviço nossa inteira vida cristã: nossa oração, nossa fé proclamada, nosso engajamento. Assim, podemos exercer uma verdadeira “diaconia”, serviço, pela paz do mundo, também por nossas profissões, decisões éticas e engajamento político.
Rezemos, então, assim :
Ó Deus da Vida, que renovas pela Páscoa do Cristo a vida de cada um de nós e de todo o universo. Nós te pedimos por todos os batizados para que possam viver interiormente e anunciar ao mundo o Evangelho da Paz. Que todos nós possamos participar plenamente desta missão de anunciar a paz. Dá-nos convicção, coragem, criatividade e energia para que mostremos com nossas obras que o Cristo não morreu em vão por nós e que a força de sua Ressurreição purifica e transforma nossa vida. Isto te pedimos por Ele, o Cristo Ressuscitado, Deus contigo na unidade do Espírito Santo. Amém.
Feliz Páscoa!
Com toda minha estima e amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Carta Mensal - Março de 2011

Tournay, 28 de fevereiro de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Dentro de poucos dias, a Igreja no Brasil começará mais uma Campanha da Fraternidade. Este ano o tema examinará as relações entre fraternidade e a vida no planeta, tendo como lema um versículo da carta de São Paulo aos romanos: “a criação geme em dores de parto” (Rom 8,22).
O objetivo principal desta Campanha da Fraternidade 2011 é de contribuir para a conscientização das comunidades cristãs e pessoas de boa vontade sobre a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas, e motivá -los a participar dos debates e ações que visam enfrentar o problema e preservar as condições de vida no planeta. Para atingir este objetivo, são propostos os seguintes objetivos específicos: a) viabilizar meios para a formação da consciência ambiental em relação ao problema do aquecimento global e identificar responsabilidades e implicações éticas; b) promover a discussão sobre os problemas ambientais com foco no aquecimento global; c) mostrar a gravidade e a urgência dos problemas ambientais provocados pelo aquecimento global e articular a realidade local e regional com o contexto nacional e planetário; d) trocar experiências e propor caminhos para a superação dos problemas ambientais relacionados ao aquecimento global.
É assim que convido vocês a todos a entrar em sintonia com a Igreja no Brasil e assumir este tema como intenção mensal de nossa oração pela paz. A paz tem várias dimensões: pessoal, interrelacional, internacional, mas também cósmica e ecológica. Precisamos recuperar esta dimensão em nossa compreensão de paz e reaprender, com outras culturas, que a paz com a natureza é tão relevante quanto a paz com outras pessoas e outros povos.
Esta dimensão ecológica da paz também tem uma consequência prática importante: nós podemos integrá-la mais facilmente em nosso comportamento cotidiano, indo desde a maneira como nós lidamos com o lixo até os produtos que escolhemos comprar e utilizar. Certamente cada um de nós poderá examinar-se sobre sua contribuição neste sentido. Também poderemos mobilizar pessoas, comunidades, grupos e organismos para assumirem o protagonismo na construção de alternativas para a superação dos problemas socioambientais decorrentes do aquecimento. Igualmente podemos propor atitudes,comportamentos e práticas fundamentados em valores que tenham a vida como referência no relacionamento com o meio ambiente. Sem esquecer que é importante denunciar situações e apontar responsabilidades no que diz respeito aos problemas ambientais decorrentes do aquecimento global. A paz com a natureza fica bem no alcance de nossa mão!
Rezemos, então, assim a oração desta Campanha da Fraternidade:
Senhor Deus,nosso Pai e Criador. A beleza do universo revela a vossa grandeza, a sabedoria e o amor com que fizestes todas as coisas, e o eterno amor que tendes por todos nós. Pecadores que somos,não respeitamos a vossa obra, e o que era para ser garantia da vida está se tornando ameaça. A beleza está sendo mudada em devastação, e a morte mostra sua presença no nosso planeta. Que nesta Quaresma nos convertamos e vejamos que a criação geme em dores de parto, para que possa renascer segundo o vosso plano de amor, por meio  da nossa mudança de mentalidade e de atitudes. E assim, como Maria,que meditava a sua Palavra e a  fazia vida, também nós, movidos pelos princípios do Evangelho, possamos celebrar na Páscoa do vosso Filho, nosso Senhor, a paz e o ressurgimento do vosso projeto para todo o mundo. Amém.
Com toda minha estima e amizade,

D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Carta Mensal - Fevereiro de 2011

Tournay, 28 de janeiro de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            As recentes inundações que assolaram especialmente o sudeste do Brasil, com suas centenas de mortos e milhares de desabrigados, puseram a descoberto a face desorganizada de nossas cidades, que expõem grande parte de seus moradores a uma situação de risco. Estes acontecimentos, como outros, revelam a face violenta de nosso desenvolvimento urbano: nossas cidades, por sua própria (des)organização se tornaram centros de violência, onde se desenvolvem violências de todas as formas, seja direta, seja estrutural, seja também cultural.
Como o salmista podemos dizer: “na cidade só se vê violência e discórdia; dia e noite circundam seus muros, dentro dela há maldades e crimes; a injustiça e a opressão moram nela! Violência, impostura e fraudes já não deixam suas ruas e praças.” (Sl 54 (55), 10-12). Esta situação me faz convidar vocês, durante este mês de fevereiro, a clamarmos a Deus pela paz em nossas cidades.
O que significa rezar pela paz para nossas cidades senão também deixarmo-nos envolver pela “visão de paz” que Deus tem para cada cidade? Na Bíblia, a palavra “Jerusalém” significa exatamente “visão de paz”. E os livros sagrados se encerram exatamente com a visão de uma nova Jerusalém, que desce do céu à terra, como presente de Deus para seu povo (Ap 21,2.10). Esta cidade não terá portas porque nenhum mal habitará nela (Ap 21,25). Também não precisará de nenhuma iluminação porque será iluminada pela glória de Deus (Ap 21,23). E ninguém que pratique a mentira e o mal poderá nela morar (Ap 21,27).
Este projeto de Deus engaja a cada um de nós a imaginarmos e a nos empenharmos por cidades para a paz. Poderíamos, rapidamente, dizer que, entre outras coisas, uma cidade para a paz seria aquela na qual: promovem-se os direitos humanos, justiça social e desenvolvimento sustentável; fomenta-se a criação de comunidades solidárias; leis e normas estruturam-se a partir dos valores de uma cultura de paz e dos princípios da justiça restaurativa; desenvolvem-se diálogos e comunicação voltada para a paz; os espaços públicos possibilitam a vivência e a experiência democrática; os diferentes suportes urbanos – monumentos, praças, prédios, etc. -  apresentam-se como promotores de uma cultura de paz; organizam-se parcerias com grupos culturais que promovem a paz; existem espaços para aprender e debater a cultura de paz; existem  políticas públicas voltadas para a cultura de paz; capacitam-se pessoas para participarem de iniciativas para a construção de uma cultura de paz; etc.
Sobretudo, uma cidade para a paz é aquela onde as pessoas que nela vivem se comprometem a promoverem a concórdia, a reconciliação e a paz em suas vidas e ações. O que dá à nossa oração por cidades de paz uma dimensão pessoal, de transformação de nossos corações e mentes. Rezemos, então, assim:
            Ó Deus, tu criastes o ser humano para a vida em comunhão e desejas que cada cidade e agrupamento humano seja uma “visão de paz”. Nós te pedimos por nossas cidades tão feridas por um desenvolvimento urbano desigual e por todas as formas de violências. Transforma nossas mentes e corações, para que possamos construir cidades de paz, onde todas as formas de justiça, reconciliação e fraternidade sejam experenciadas e multiplicadas. Isto te pedimos por Jesus, teu Filho, nosso Senhor, Deus contigo, na unidade do Espírito Santo. Amém!
            Com toda minha estima e amizade,

D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.