terça-feira, 28 de agosto de 2012

Carta Mensal - Setembro de 2012

Tournay, 15 de agosto de 2012.

            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            No próximo dia 21 de setembro, o mundo todo celebrará o “Dia Mundial da Paz”, instituído pela ONU desde 1982 e celebrado nesta data deste 2002. O tema proposto para este ano é “Uma paz sustentável para um futuro sustentável”, numa linha de continuidade com a Conferência Rio+20, realizada no mês de junho deste ano, cujo tema “O futuro que desejamos” refletiu e avaliou caminhos do desenvolvimento sustentável para o planeta.
            Esta temática do “Dia Mundial da Paz” nos permite refletir dois aspectos importantes da construção da paz. O primeiro é este de uma paz sustentável. A paz que queremos não pode ser apenas o intervalo entre duas guerras, uma paz de verniz: ela precisa e deve ser uma paz estável, capaz de se estabelecer em meio a todas as tensões da sociedade internacional. O futuro não necessita ser de medo, de miséria ou destruição! Nós temos hoje uma série de instrumentos que nos permitem de reorganizá-lo de outra forma. Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que propôs este tema, “é impossível pensar em construir um futuro sustentável se não houver uma paz sustentável. Os conflitos armados atacam os pilares mesmos do desenvolvimento sustentável, privando as pessoas da oportunidade de se desenvolver, de criar oportunidades de trabalho, de salvaguardar o ambiente, de combater a pobreza, de reduzir o risco de desastres, de avançar na igualdade social e de assegurar que todo o mundo tenha o suficiente para comer”. A prevenção, resolução e reconciliação dos conflitos armados não é apenas um problema político ou da diplomacia internacional, mas uma questão que diz respeito a cada ser humano, a questão mais democrática possível, já que diz respeito à existência e à segurança da humanidade.
            O segundo aspecto é o da importância da gestão dos recursos naturais na construção desta paz sustentável. Nós sabemos que a causa profunda de muitos conflitos está relacionada diretamente com a posse de valiosos recursos naturais, como petróleo, água, diamantes, ouro ou madeira. A forma pela qual estes recursos são geridos é crucial para manter a segurança e a paz da humanidade. Sem uma gestão responsável destes recursos, a vida não será possível para grande parte da humanidade. Trata-se de lutar para que os recursos naturais sejam protegidos e estimados em lugar de serem usados para financiar guerras, para que as crianças podem ser educadas na escola e não ser recrutadas em exércitos, para que as desigualdades econômicas e sociais sejam resolvidas por diálogo em vez de violência.
            Os dois aspectos são profundamente relacionados. Não podemos conceber um futuro sustentável se ele não for acompanhado de uma paz sustentável. Da mesma forma, uma paz sustentável deve ser construída com um desenvolvimento sustentável. O Dia Mundial da Paz constitui uma valiosa oportunidade a todos nós, cidadãos do mundo inteiro, para refletir sobre a maneira pela qual nós podemos contribuir para garantir que os recursos naturais sejam geridos de maneira sustentável, reduzindo assim as possibilidades de conflitos e abrindo o caminho para um futuro sustentável.
            Para que isto se concretize, rezemos assim:
            Ó Deus de ternura, tu queres estabelecer com a humanidade inteira uma aliança de paz. Tu nos confiaste a criação e colocaste em nossas mãos a responsabilidade de conduzi-la a seu pleno desenvolvimento. Dá-nos, pois, teu Santo Espírito para que possamos aprender a cuidar dos bens da tua criação, de maneira que eles sejam fonte de paz e garantia de um futuro de vida para todos. Dá-nos a graça de sermos artesão de uma paz sustentável para que gozemos todos de um futuro sustentável! Por Cristo, teu Filho e nosso Senhor!
            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

sábado, 4 de agosto de 2012

Carta Mensal - Agosto de 2012

Tournay, 25 de julho de 2012.
            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            Neste mês de agosto, celebramos o triste aniversário das bomba atômicas de Hiroshima (06/08/1945) e Nagasaki (09/08/1945), quando morreram 210 mil pessoas, ou pela explosão ou em consequência das radiações, civis em grande parte. Contudo, a tragédia de Hiroshima e Nagasaki, longe de significar o fim das armas atômicas, fez a humanidade mergulhar numa terrível e atroz corrida pelo nuclear. Hoje, ainda, com os vários tratados existentes, ainda restam cerca de vinte mil bombas, o equivalente a 600 mil bombas como aquelas de Hiroshima e Nagasaki! Destas, cerca de 1.800 ogivas estão em estado de alerta, prontas para serem acionadas!
            Assim, para que a humanidade não repita o horror e o sofrimento causados pelas armas atômicas, convido vocês a rezar pelo desarmamento nuclear total, condição essencial de uma paz verdadeira. Assim nos unimos às diversas manifestações mundiais nesta ocasião e somamos força à  Campanha Internacional para Abolição de Armas Nucleares (http://www.icanw.org). Eis alguns argumentos utilizados nesta luta e que podem sustentar nossa oração:
            Em primeiro lugar, ar armas nucleares não discriminam entre civis e militares, podendo uma única bomba, em um só golpe, devastar uma cidade ou até mesmo uma nação. Elas são particularmente perigosas, dada a possibilidade de serem disparadas acidentalmente, devido a erro técnico ou humano.  A posse de armas nucleares por alguns países é um estímulo constante para que outros também procedam a esforços para possuí-las, como o ocorrido, por exemplo, com as duas Coreias, que viram na presença de armas nucleares americanas uma razão para se lançarem no nuclear. As armas nucleares constituem uma ameaça constante de aniquilação do planeta, de contaminação radioativa e de inverno nuclear, além de intensificarem a desconfiança entre as nações, gerando um clima de tensão e medo. De forma alguma, as armas nucleares garantem a paz!
            As armas nucleares são caras e absorvem enormes recursos econômico, que poderiam ser aplicados em outras áreas, como saúde e educação. Somente o gasto anual dos Estados Unidos em armas nucleares, cerca de 40 bilhões de dólares, seria o suficiente para manter o acesso universal a educação básica, cuidado médico básico, alimentação, água potável e saneamento. Em nível de segurança pública, as armas nucleares são inúteis, não podendo serem usadas contra grupos terroristas, crime organizado, ou traficantes de drogas, nem tampouco num campo de batalha.
            Negociações e tratados de outros sistemas de armas, como armas químicas, armas biológicas e minas terrestres, mostram como a eliminação das armas restantes é fisicamente e praticamente realizável.  Para que isto se concretize, rezemos assim:
            Ó Deus de ternura, tu criaste o homem e a mulher para que conduzissem a criação pelos caminhos da vida e do crescimento. Contudo, a humanidade afastou-se deste caminho e passou a conceber armas terríveis, de mais em mais. Que o Espírito do teu Filho Jesus, príncipe da paz, ele que desarmou Pedro, inspire governantes e nações a se colocarem de acordo para a eliminação das armas atômicas. Assim, este perigo terrível se afastará de todos nós e poderemos investir nossas energias e riquezas na satisfação das reais necessidades humanas e na criação de um clima de confiança entre os povos. Por Cristo, teu Filho e nosso Senhor!
            Hiroshima e Nagasaki nunca mais!
            Com amizade, 
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.