terça-feira, 12 de março de 2013

Carta Mensal - Março de 2013


Tournay, 28 de fevereiro de 2013.

A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,

                        Paz!

O massacre na escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, em 14 de dezembro de 2012, com a morte de 26 pessoas – 20 crianças com idades entre 6 e 7 anos e seis adultos –, abalou os Estados Unidos e reabriu o debate sobre o controle de armas. Desde o final da década de 90, a sociedade civil tem-se articulado mundialmente  para prevenir a proliferação e utilização de armas pequenas, através da Rede de Ação Internacional Sobre Armas Pequenas (IANSA), que não tem medido esforços para organizar um tratado mundial de controle deste tipo de armas. Trata-se de um tema que suscita muitas discussões e que, por isso, pede a força de nossa oração, para que as consciências se iluminem.

As armas de fogo pequenas e leves – tais  como revólveres, pistolas, carabinas, rifles, etc – são responsáveis pela morte de 600 mil pessoas, a cada ano no mundo. Segundo o Small Arms Survey, de Genebra, em cerca de 639 milhões de armas pequenas em circulação em 110 países, 37,8% pertencem às Forças Armadas, 2,8% às polícias, e os restantes 59,2% nas mãos da população civil.
Ao contrário das drogas, que são produzidas e comercializadas ilegalmente, as armas possuem uma origem legal, mas em determinado momento, tornam-se ilegais. Assim o controle da oferta do mercado legal possibilitará um maior controle do comércio ilegal. Daí a necessidade de combate ao contrabando e vigilância sobre produção, venda, exportação e importação, para evitar desvios O gerenciamento de informações, no interior de cada país, mas também entre nações, será importante para controlar estas armas. Acordos regionais e internacionais, têm obtido sucesso na redução de armas de fogo em circulação.

 Um outro ponto é o controle da procura. Medidas de limitação da compra de armas e campanhas de conscientizaçao do publico sobre os perigos das armas, serão importantes para efetivar este aspecto. Países como Brasil, Japão, Grã-Bretanha, Canadá, Austrália e África do Sul implementaram leis rígidas de controle de armas. Em alguns países, entretanto, as armas de fogo são tratadas como um produto qualquer, sem exigir maiores cuidados e controles. Segundo estudos do Viva Rio, o risco de homicídio por arma de fogo em casas com algum tipo de armamento é sete vezes maior do que em residências cujos moradores não têm nenhuma arma.

O controle dos estoques e a destruição dos excedentes, com programas de entrega voluntária constituem um terceiro ponto da agenda.

Para que estas propostas sejam concretizadas, rezemos assim:

Ó Deus, promessa de paz, teu filho Jesus, no momento de sua prisão, ordenou a Pedro de guardar sua arma, lembrando que aqueles que usam armas pelas armas morrerão.  Inspira os povos e nações para adotarem politicas de controle de armas. Assim, a humanidade poderá cantar com o salmista: há aqueles que pôem sua confiança nas armas, « nós porem invocamos o nome do Senhor » (Sl 20,8). Assim seja!

 Com amizade,D. Irineu Rezende Guimarães

monge beneditino da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França