Tournay, 28 de
fevereiro de 2013.
A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
Paz!
O massacre na
escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut, em 14 de dezembro de 2012, com a
morte de 26 pessoas – 20 crianças com idades entre 6 e 7 anos e seis adultos –,
abalou os Estados Unidos e reabriu o debate sobre o controle de
armas. Desde o final
da década de 90, a sociedade civil tem-se articulado mundialmente para
prevenir a proliferação e utilização de armas pequenas, através da Rede de Ação Internacional Sobre Armas
Pequenas (IANSA), que não tem medido esforços para organizar um tratado mundial
de controle deste tipo de armas. Trata-se de um tema que suscita muitas
discussões e que, por isso, pede a força de nossa oração, para que as
consciências se iluminem.
As armas de
fogo pequenas e leves – tais como revólveres, pistolas, carabinas,
rifles, etc – são responsáveis pela morte de 600 mil pessoas, a cada ano no
mundo. Segundo o Small Arms Survey, de Genebra, em cerca de 639 milhões de
armas pequenas em circulação em 110 países, 37,8% pertencem às Forças Armadas,
2,8% às polícias, e os restantes 59,2% nas mãos da população civil.
Ao contrário
das drogas, que são produzidas e comercializadas ilegalmente, as armas possuem
uma origem legal, mas em determinado momento, tornam-se ilegais. Assim o
controle da oferta do mercado legal possibilitará um maior controle do comércio
ilegal. Daí a necessidade de combate ao contrabando e vigilância sobre
produção, venda, exportação e importação, para evitar desvios O gerenciamento
de informações, no interior de cada país, mas também entre nações, será
importante para controlar estas armas. Acordos regionais e internacionais, têm
obtido sucesso na redução de armas de fogo em circulação.
Um outro ponto é o controle da procura.
Medidas de limitação da compra de armas e campanhas de conscientizaçao do
publico sobre os perigos das
armas, serão importantes para efetivar este aspecto. Países como Brasil, Japão,
Grã-Bretanha, Canadá, Austrália e África do Sul implementaram leis rígidas de
controle de armas. Em alguns países, entretanto, as armas de fogo são tratadas
como um produto qualquer, sem exigir maiores cuidados e controles. Segundo
estudos do Viva Rio, o risco de
homicídio por arma de fogo em casas com algum tipo de armamento é sete vezes
maior do que em residências cujos moradores não têm nenhuma arma.
O controle dos
estoques e a destruição dos excedentes, com programas de entrega voluntária
constituem um terceiro ponto da agenda.
Para que estas propostas sejam
concretizadas, rezemos assim:
Ó Deus, promessa de paz, teu filho Jesus,
no momento de sua prisão, ordenou a Pedro de guardar sua arma, lembrando que aqueles que usam armas pelas armas
morrerão. Inspira os povos e nações para adotarem politicas de controle
de armas. Assim, a humanidade poderá cantar com o salmista: há aqueles que pôem
sua confiança nas armas, « nós porem invocamos o nome do
Senhor » (Sl 20,8). Assim seja!
Com amizade,D. Irineu Rezende
Guimarães
monge
beneditino da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França