quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Carta Mensal - Janeiro de 2013



Tournay, 20 de dezembro de 2012.
A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
O Papa Bento XVI escolheu como tema para este 1º de janeiro de 2013, Dia Mundial da Paz, “Bem-aventurados os obreiros da paz” (Mt 5,9). Assim quero convidar vocês a rezar para que estas palavras do Cristo se concretizem em cada um de nós, em todos os seguidores do Cristo, em todos que buscam a Deus, e em todos os homens e mulheres de boa-vontade.
Mesmo em meio às tensões que vivemos, o Papa recorda as “as inúmeras obras de paz” que “testemunham a vocação natural da humanidade à paz”: “Em cada pessoa, o desejo de paz é uma aspiração essencial e coincide, de certo modo, com o anelo por uma vida humana plena, feliz e bem sucedida” (nº 1). Meditando a bem-aventurança de Jesus, Bento XVI conclui “que a paz é, simultaneamente, dom messiânico e obra humana” (nº 2). De um lado, “a paz implica principalmente a construção duma convivência humana baseada na verdade, na liberdade, no amor e na justiça. (...) Sem a verdade sobre o homem, inscrita pelo Criador no seu coração, a liberdade e o amor depreciam-se, a justiça perde a base para o seu exercício” (nº 3). Ao mesmo tempo, “para nos tornarmos autênticos obreiros da paz, são fundamentais a atenção à dimensão transcendente e o diálogo constante com Deus, Pai misericordioso, pelo qual se implora a redenção que nos foi conquistada pelo seu Filho Unigénito” (nº 3). O Papa sinaliza três canteiros de ação para os obreiros da paz, no atual momento da humanidade. Em primeiro lugar, a promoção da vida em todas as suas dimensões: “A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida” (nº 4). Em segundo lugar, a construção do bem da paz através de um novomodelo de desenvolvimento e de economia (nº 5). Em terceiro lugar, Bento XVI evoca a educação para uma cultura de paz, ressaltando o papel da família, das comunidades cristãs e também das instituições culturais, escolásticas e universitárias (nº 6). Finalmente, Bento XVI realça a importância de desenvolvemos uma pedagogia da paz, para “ensinar os homens a amarem-se e educarem-se para a paz, a viverem mais de benevolência que de mera tolerância”. Para isso, “é preciso renunciar à paz falsa, que prometem os ídolos deste mundo, e aos perigos que a acompanham; refiro-me à paz que torna as consciências cada vez mais insensíveis, que leva a fechar-se em si mesmo, a uma existência atrofiada vivida na indiferença. Ao contrário, a pedagogia da paz implica serviço, compaixão, solidariedade, coragem e perseverança” (nº 7) (Ver o texto na íntegra em http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/peace/documents/hf_ben-xvi_mes_20121208_xlvi-world-day-peace_po.html).
Para que a estas reflexões do Papa Bento XVI sejam acolhidas por todos, rezemos assim, utilisando as suas palavras:

Ó Deus de ternura, teu Filho Jesus proclamou felizes os obreiros da paz (Mt 5,9). Faze de nós, seus discípulos, “instrumentos da sua paz, a fim de levar o seu amor onde há ódio, o seu perdão onde há ofensa, a verdadeira fé onde há dúvida”. Ilumina “os responsáveis dos povos para que, junto com a solicitude pelo justo bem-estar dos próprios concidadãos, garantam e defendam o dom precioso da paz”. Inflama “a vontade de todos para superarem as barreiras que dividem, reforçarem os vínculos da caridade mútua, compreenderem os outros e perdoarem aos que lhes tiverem feito injúrias, de tal modo que, em virtude da sua acção, todos os povos da terra se tornem irmãos e floresça neles e reine para sempre a tão suspirada paz” (7). Amém.
Com os votos de um ano novo abençoado!
D. Irineu Rezende Guimarães
monge beneditino, prior da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Carta Mensal - Dezembro de 2012

Tournay, 30 de novembro de 2012.

A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
As manifestações recentes de violência ocorridas entre as forças israelenses e grupos palestinos nos convidam, mais uma vez, a rezar, neste mês de dezembro, pela paz na terra onde Jesus nasceu. Mesmo que um cessar-fogo se impôs, todos reconhecemos a necessidade de uma solução mais duradoura para este conflito que traz sofrimentos sem conta para estes dois povos.
A atual situação bem mostra os impasses do processo de paz. Enquanto Israel prossegue suas atividades de colonização nos terrritórios ocupados, as várias facções palestinas permanecem divididas, sem que nenhum progressos significativo nas negociações: israelenses e palestinos não realizam conversações de paz desde setembro 2010. Os palestinos recusam sentar na mesa enquanto a colonização prossegue. A aceitação pela ONU da Palestina como estado observador não membro, no dia 29 de novembro p. p., suscitou o anúncio, por parte de Israel, de três mil novas habitações. Os dois campos se contentaram com palavras sem concretizar, portanto, atos concretos em favor de um diálogo construtivo. A fragilização dos processos de paz deixa livre o campo aos partidários da violência, como efetivamente aconteceu nos últimos tempos. No entanto, uma solução em nível militar ou por enfrentamento de forças não contribui em nada para a resolução do conflito. Somente pela justiça, o respeitos dos direitos humanos, o diálogo e o respeito dos acordos internacionais poderá construir uma paz duradoura e estável.
Em nível internacional, algumas iniciativas merecem ser em assinaladas. Em 2002, foi constituído um grupo conhecido como “Quarteto”, composto pelos Estados Unidos, Rússia, União Européia e ONU, que se propõe como mediador. Em 2003, a Iniciativa de Genebra reuniu lideranças expressivas os dois lados. As alternativas sugeridas seguem a lógica “dois estados, dois povos”, com a partilha da soberania de Jerusalém, capital dos dois estados. Em nível local, existem vários grupos e atores que encontraram caminhos de uma convivência pacífica, como por exemplo iniciativas na área educacional ou dos movimentos de mulheres. Importantes são os movimento de desobediência civil, tanto entre israelenses como palestinos, que se recusam a participar de ações armadas ou violentas. De cada lado, existem movimentos organizados, mas também lideranças comunitárias, que têm optados por soluções pacíficas, inclusive fazendo saber às suas lideranças políticas de suas reivindicações. Sem dúvida nenhuma, a paz passa também pelo fortalecimento destas iniciativas locais e internacionais. A solução deste conflito que dura 65 anos será significativo não somente para os dois povos envolvidos, mas para toda a humanidade.
Para que a paz se concretize na terra onde Jesus nasceu, rezemos assim:

Ó Deus de ternura, que desejas  que teu povo habite um oásis de paz (Cf. Is 32,18), olha para a terra onde teu filho Jesus nasceu. Que os dois povos que lá habitam, israelenses e palestinos, possam encontrar caminhos de uma convivência pacífica, compartilhando a mesma terra, como dois Estados autônomos e respeitosos um do outro. Fortalece todas as pessoas e grupos que manifestam disposição ao diálogo e desarma os que ainda acreditam numa solução baseada nas arma. E que a paz prevaleça na terra! Amém.   
Com amizade,
 D. Irineu Rezende Guimarães
monge beneditino, prior da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Carta Mensal - Novembro de 2012

Tournay, 30 de outubro de 2012.

            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            Um ano se passou desde o 27 de outubro de 2012, quando o Papa Bento XVI reuniu líderes religiosos do mundo inteiro, numa grande jornada de reflexão, de diálogo e de oração para a paz e a justiça no mundo. Relembrando este acontecimento, convido vocês a retomar esta intenção de rezar para que as religiões, todas as religiões, sejam fiéis a esta sua vocação de promover a paz.
Se como toda instituição humana, as religiões também são tocadas pela violência, este fato não nos diz tudo da história das religiões. É necessário reconhecer que as religiões muito contribuíram para o processo de socialização e de humanização. Como alguns nos recordam, elas são o «jardim da cultura da paz» e nos trazem «um capital de valores pacíficos». Mesmo as críticas que fazemos às religiões sobre eventuais falhas, se situam à partir dos valores que elas nos legaram. Faríamos uma caricatura do religioso se esquecêssemos tudo que as religiões fazem pela paz e para transformar a violência do mundo.
Podemos encontrar em todas as tradições religiosas uma série de ensinamentos e práticas não-violentas, que constituem o fundamento de nossa compreensão de justiça e de paz. Primeiramente, elas ensinam a humanidade uma profunda reverência pela vida e o desejo de evitar o mal, quando afirmam « tu não matarás! Tu não farás mal a ninguém !». Elas também nos dizem: « tu não roubarás! Tudo aquilo que queres que os homens te façam, faze tu a eles! », nos propondo assim um ideal de harmonia social e de vida pacífica com nossos semelhantes. Elas nos incitam a viver na veracidade, a falar a verdade e a agir de boa fé, quando nos recordam «tu não mentirás!». Finalmente, elas nos dão um quadro para «respeitar e amar uns aos outros», encorajando-nos ao dom de si e à solidariedade, sobretudo em relação àqueles que mais necessitam.
Este tesouro não-violento das religiões é guardado, como nos lembra São Paulo, em vasos de argila ! (Cf. 2 Co 4,7). As religiões nos recordam nossa ambivalência e ambiguidade, mas também nossas potencialidades e possibilidades, podendo nos mostrar o pior, mas também o melhor da humanidade !
O teólogo suíço Hans Küng nos adverte que não haverá paz no mundo sem paz entre as religiões. O papa João Paulo II, na mesma linha, propunha aos crentes de todos os credos se unirem na construção da paz. Para que isto se concretize, rezemos assim:

            Ó Deus de ternura, tu colocaste no coração da humanidade o desejo profundo da paz e lhes destes todas condições para concretizá-la. Assim, teu nome é glorificado quando a paz e a justiça são promovidas! Concede aos crentes e lideranças de todas as tradições religiosas de permanecerem fiéis a esta vocação pacífica e de trabalharem juntas para que haja paz na terra. A Ti, louvor e glória para sempre!
            Com amizade, 
D. Irineu Rezende Guimarães
monge beneditino, prior da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Carta Mensal - Outubro de 2012

Tournay, 25 de setembro de 2012.

            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            No próximo dia 8 de outubro, em Oslo, Noruega, começarão os diálogos de paz entre o governo colombiano e as guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Com a ajuda de países como Venezuela, Noruega e Cuba, uma nova etapa se abrirá, decisiva para o povo colombiano. Convido todos vocês a sustentar com nossas preces este processo importante que pode por fim acerca de 50 anos de conflito armado neste país.
            Já há várias décadas que se ensaiam processos de pacificação. Durante a presidência de Belisario Betancur (1982-1986), foi possível desmobilizar 10 % das FARC, as quais criaram um novo partido político, a União Patriótica (UP); mas  o assassinato de cerca de 3 mil de seus membros, estimulou ainda mais a guerra civil. Grupos guerrilheiros, como o Movimento 19 de Abril (M-19), Exército Popular Revolucionário (EPR), Quintín Lame e Corrente de Renovação Socialista, depuseram armas sob a presidência de César Gaviria (1990-1994). A constituição de 1991 alargou as possibilidades de participação e reforçou o estado de direito. O presidente Ernesto Samper (1994-1998) ensaiou um diálogo entre o Exército de Libertação Nacional (ELN) e representantes da sociedade civil colombiana, sem conseguir, porém, resultados concretos. O presidente Andrés Pastrana (1998-2002) propôs negociações em 1999, com as FARC, que colocaram como condição a desmilitarização de uma zona de  42.000 km2, superfície equivalente à Suíça! Esta nova etapa de negociações, promovida pelo atual presidente Juan Manoel Santos, encontra um novo contexto favorável, tais como um forte sustento internacional, um amadurecimento das partes envolvidas e sobretudo uma pauta mais definida de  negociações, composta de cinco pontos.
            O primeiro destes toca a questão de fundo da guerra civil, o problema agrário, num esforço de superar a forte disparidade fundiária (dados de 2003 indicam que apenas 0,4% da população possui 61,2% das terras) e fomentar o desenvolvimento rural. O segundo ponto atinge o plano político, tais como garantias para o exercício da oposição política e para a participação cidadã. O terceiro ponto diz respeito mesmo ao fim do conflito armado, deposição de armas e integração dos cerca de 9 mil combatentes das FARC na vida civil. O quarto ponto, nevrálgico, tratará da busca de soluções para o problema do narcotráfico, o qual financia, em grande parte, os paramilitares (grupos como Morte aos Sequestradores (MAS) e Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), atores não-negligenciáveis do conflito. O quinto e último ponto aborda o o direito à indenização às vítimas da violência, com o consequente esclarecimento da verdade: entre 1985 e 2005, calculam-se cerca de 250 mil mortos e mais de 3 milhões de pessoas obrigadas a abandonarem suas moradias.
            Para que isto se concretize, rezemos assim:
            Ó Deus de ternura, que enviaste teu filho Jesus para fazer a paz entre toda a criatura, derrama generoso teu Espírito sobre todo o povo colombiano e sobre todos os participantes das negociações que visam por fim ao conflito neste país. Que tenham abertura de espírito para dialogar, profundidade para abordar as questões e coragem necessária para encontrar soluções e firmar uma paz verdadeira e estável. Por Cristo, teu Filho e nosso Senhor!
            Com amizade, 
D. Irineu Rezende Guimarães
monge beneditino, prior da Abadia Nossa Senhora, Tournay, França

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Carta Mensal - Setembro de 2012

Tournay, 15 de agosto de 2012.

            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            No próximo dia 21 de setembro, o mundo todo celebrará o “Dia Mundial da Paz”, instituído pela ONU desde 1982 e celebrado nesta data deste 2002. O tema proposto para este ano é “Uma paz sustentável para um futuro sustentável”, numa linha de continuidade com a Conferência Rio+20, realizada no mês de junho deste ano, cujo tema “O futuro que desejamos” refletiu e avaliou caminhos do desenvolvimento sustentável para o planeta.
            Esta temática do “Dia Mundial da Paz” nos permite refletir dois aspectos importantes da construção da paz. O primeiro é este de uma paz sustentável. A paz que queremos não pode ser apenas o intervalo entre duas guerras, uma paz de verniz: ela precisa e deve ser uma paz estável, capaz de se estabelecer em meio a todas as tensões da sociedade internacional. O futuro não necessita ser de medo, de miséria ou destruição! Nós temos hoje uma série de instrumentos que nos permitem de reorganizá-lo de outra forma. Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que propôs este tema, “é impossível pensar em construir um futuro sustentável se não houver uma paz sustentável. Os conflitos armados atacam os pilares mesmos do desenvolvimento sustentável, privando as pessoas da oportunidade de se desenvolver, de criar oportunidades de trabalho, de salvaguardar o ambiente, de combater a pobreza, de reduzir o risco de desastres, de avançar na igualdade social e de assegurar que todo o mundo tenha o suficiente para comer”. A prevenção, resolução e reconciliação dos conflitos armados não é apenas um problema político ou da diplomacia internacional, mas uma questão que diz respeito a cada ser humano, a questão mais democrática possível, já que diz respeito à existência e à segurança da humanidade.
            O segundo aspecto é o da importância da gestão dos recursos naturais na construção desta paz sustentável. Nós sabemos que a causa profunda de muitos conflitos está relacionada diretamente com a posse de valiosos recursos naturais, como petróleo, água, diamantes, ouro ou madeira. A forma pela qual estes recursos são geridos é crucial para manter a segurança e a paz da humanidade. Sem uma gestão responsável destes recursos, a vida não será possível para grande parte da humanidade. Trata-se de lutar para que os recursos naturais sejam protegidos e estimados em lugar de serem usados para financiar guerras, para que as crianças podem ser educadas na escola e não ser recrutadas em exércitos, para que as desigualdades econômicas e sociais sejam resolvidas por diálogo em vez de violência.
            Os dois aspectos são profundamente relacionados. Não podemos conceber um futuro sustentável se ele não for acompanhado de uma paz sustentável. Da mesma forma, uma paz sustentável deve ser construída com um desenvolvimento sustentável. O Dia Mundial da Paz constitui uma valiosa oportunidade a todos nós, cidadãos do mundo inteiro, para refletir sobre a maneira pela qual nós podemos contribuir para garantir que os recursos naturais sejam geridos de maneira sustentável, reduzindo assim as possibilidades de conflitos e abrindo o caminho para um futuro sustentável.
            Para que isto se concretize, rezemos assim:
            Ó Deus de ternura, tu queres estabelecer com a humanidade inteira uma aliança de paz. Tu nos confiaste a criação e colocaste em nossas mãos a responsabilidade de conduzi-la a seu pleno desenvolvimento. Dá-nos, pois, teu Santo Espírito para que possamos aprender a cuidar dos bens da tua criação, de maneira que eles sejam fonte de paz e garantia de um futuro de vida para todos. Dá-nos a graça de sermos artesão de uma paz sustentável para que gozemos todos de um futuro sustentável! Por Cristo, teu Filho e nosso Senhor!
            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

sábado, 4 de agosto de 2012

Carta Mensal - Agosto de 2012

Tournay, 25 de julho de 2012.
            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            Neste mês de agosto, celebramos o triste aniversário das bomba atômicas de Hiroshima (06/08/1945) e Nagasaki (09/08/1945), quando morreram 210 mil pessoas, ou pela explosão ou em consequência das radiações, civis em grande parte. Contudo, a tragédia de Hiroshima e Nagasaki, longe de significar o fim das armas atômicas, fez a humanidade mergulhar numa terrível e atroz corrida pelo nuclear. Hoje, ainda, com os vários tratados existentes, ainda restam cerca de vinte mil bombas, o equivalente a 600 mil bombas como aquelas de Hiroshima e Nagasaki! Destas, cerca de 1.800 ogivas estão em estado de alerta, prontas para serem acionadas!
            Assim, para que a humanidade não repita o horror e o sofrimento causados pelas armas atômicas, convido vocês a rezar pelo desarmamento nuclear total, condição essencial de uma paz verdadeira. Assim nos unimos às diversas manifestações mundiais nesta ocasião e somamos força à  Campanha Internacional para Abolição de Armas Nucleares (http://www.icanw.org). Eis alguns argumentos utilizados nesta luta e que podem sustentar nossa oração:
            Em primeiro lugar, ar armas nucleares não discriminam entre civis e militares, podendo uma única bomba, em um só golpe, devastar uma cidade ou até mesmo uma nação. Elas são particularmente perigosas, dada a possibilidade de serem disparadas acidentalmente, devido a erro técnico ou humano.  A posse de armas nucleares por alguns países é um estímulo constante para que outros também procedam a esforços para possuí-las, como o ocorrido, por exemplo, com as duas Coreias, que viram na presença de armas nucleares americanas uma razão para se lançarem no nuclear. As armas nucleares constituem uma ameaça constante de aniquilação do planeta, de contaminação radioativa e de inverno nuclear, além de intensificarem a desconfiança entre as nações, gerando um clima de tensão e medo. De forma alguma, as armas nucleares garantem a paz!
            As armas nucleares são caras e absorvem enormes recursos econômico, que poderiam ser aplicados em outras áreas, como saúde e educação. Somente o gasto anual dos Estados Unidos em armas nucleares, cerca de 40 bilhões de dólares, seria o suficiente para manter o acesso universal a educação básica, cuidado médico básico, alimentação, água potável e saneamento. Em nível de segurança pública, as armas nucleares são inúteis, não podendo serem usadas contra grupos terroristas, crime organizado, ou traficantes de drogas, nem tampouco num campo de batalha.
            Negociações e tratados de outros sistemas de armas, como armas químicas, armas biológicas e minas terrestres, mostram como a eliminação das armas restantes é fisicamente e praticamente realizável.  Para que isto se concretize, rezemos assim:
            Ó Deus de ternura, tu criaste o homem e a mulher para que conduzissem a criação pelos caminhos da vida e do crescimento. Contudo, a humanidade afastou-se deste caminho e passou a conceber armas terríveis, de mais em mais. Que o Espírito do teu Filho Jesus, príncipe da paz, ele que desarmou Pedro, inspire governantes e nações a se colocarem de acordo para a eliminação das armas atômicas. Assim, este perigo terrível se afastará de todos nós e poderemos investir nossas energias e riquezas na satisfação das reais necessidades humanas e na criação de um clima de confiança entre os povos. Por Cristo, teu Filho e nosso Senhor!
            Hiroshima e Nagasaki nunca mais!
            Com amizade, 
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Carta Mensal - Julho de 2012

Tournay, 15 de junho de 2012.

            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            Neste mês de julho, convido vocês a meditar o tema “pão e paz”, rezando por todas pessoas que passam fome, cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo. Os dados são mais que conhecidos: a cada cinco segundos, uma criança de menos de dez anos morre de fome e cerca de 37 mil pessoas vão seguir o mesmo destino, todos os dias. Segundo dados da FAO, Organização para a Alimentação e Agricultura, das Nações Unidas, o atual estágio das forças de produção tem condições de alimentar 12 bilhões de seres humanos, com 2.200 calorias diárias! Se somos, atualmente, no mundo, 7 bilhões, por que então a fome?
            Em primeiro lugar, por causa de um modelo econômico onde uma dezena de sociedades privadas controlam 85% do mercado alimentar mundial, fixando os preços e controlando os estoques. Os pobres não conseguem mais comprar seus alimentos e os programas alimentares perderam a metade do seu orçamento. Tudo isso, somado com o endividamento de numerosos países pobres, impedidos, por esta razão, de fazer os investimentos necessários ao seu desenvolvimento. A mundialização também tem seu efeito nefasto, aniquilando, em muitos países, as pequenas economias locais. Por trás do modelo econômico, há também opções políticas e sociais, como a preferência em investir em armas. Com as despesa militares mundiais de 2010, seria possível manter 212 milhões de crianças, ao custo médio de US$ 4.715,00 por ano! O dinheiro gasto para financiar um minuto da guerra no Iraque seria suficiente para suprir três refeições por dia para mais de 415 mil crianças! Gastamos cerca de 190 vezes mais dinheiro em armas do que no combate à crise de alimentos!
            O que a nossa fé nos diz de tudo isso?
            Os profetas de Israel, cerca de 700 anos antes de Cristo já tinham bem compreendido esta relação existente entre pão e paz. Sem pão, não há paz! O pão é o sinal evidente de relações sociais justas e fraternas! A paz é fruto da justiça (Is 32,17). O salmista canta esta paz que vem do pão partilhado: “graças à justiça, que montanhas e colinas tragam a paz para o povo” (Sl 72,3). Sem paz, não há pão! Enquanto a humanidade investe suas energias na guerra e em armamentos, ela não pode aplicar em outras necessidades, como a alimentação, a saúde, a educação! Os profetas Isaías e Miqueias, cerca de 700 anos de Cristo, propunham transformar as espadas em arados e as lanças em foices (Is 2,4-5; Mi 5,9).
            O Cristo veio entre nós como “pão da vida” (Jo 6,35) para “guiar nossos passos no caminho da paz” (Lc 1,79). Ele multiplicou o pão (Jo 6,1-15) e nos deixou a paz (Jo 14,27). Os cristãos são chamado a continuar a obra que o Senhor começou, a trabalhar e lutar por uma sociedade de pão e paz.
            Rezemos assim:
            Pai Nosso, teu povo passa fome! Tu que sacias teu povo e o abençoa com tua paz, ilumina a consciência da humanidade para que os povos sejam desarmados e os famintos alimentados. Inspira-nos a mudar nossos modos de vida e corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito pelo meio ambiente, um desenvolvimento humano integral e a paz entre as nações. Que nós possamos dar aos pobres do mundo, comida e não bombas. Assim cumpriremos a lei do Cristo, teu filho e nosso Senhor!
            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Carta Mensal - Junho de 2012


Tournay, 15 de maio de 2012.

            A vocês todos EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            Uma das coisas que mais me chama a atenção, aqui na Europa, é a total reconciliação que se produziu entre franceses e alemães.  Dois países que, por mais de setenta anos, se afrontaram em três grandes guerras (a de 1870, quando os alemães anexaram as regiões entre França e Alemanha, Alsácia e Lorena; a de 1914-1918, vencida pelos franceses com condições humilhantes para os alemães; a de 1940-1945, que culminou na derrota do nazismo) e que por muito tempo nutriram ódios profundos entre eles, são capazes hoje de viver fraternalmente, sem nenhum ressentimento, nem rancor, cimentando a unidade europeia. Nada, absolutamente nada, hoje, nos faz imaginar que estes dois países nutriam mutuamente uma rivalidade mortal.
            Várias pessoas e entidades trabalharam para que isto acontecesse. Entre os homens de Estado se destacam: o alemão Konrad Adenauer (1876-1967) e  o francês Robert Schuman (1886-1963), considerados hoje como “pais da Europa Unida”, dados o empenho e a firmeza com que se dedicaram a esta obra. Num plano mais espiritual, devemos lembrar o padre alemão Franz Stock (1904-1948), pároco da Paróquia alemã de Paris a partir de 1933; durante a ocupação foi capelão das prisões; após a guerra, reitor do seminário dos prisioneiros alemães. Morreu de esgotamento como apóstolo da reconciliação e paz. Importante atuação também exerceu o movimento católico “Pax Christi”, fundado em 1945, com o nome de Movimento para a Reconciliação franco-alemã, por iniciativa de Mgr. Pierre-Marie Théas, na época bispo de Montauban, França, e por uma professora francesa, Marthe Dortel-Claudot: tendo se posicionado claramente durante a ocupação nazista contra deportação de judeus, Mgr. Théas assume, durante a libertação, ele prega o amor e a reconciliação com os antigos inimigos.
            Este exemplo da França e da Alemanha nos faz acreditar na possibilidade de transcender os conflitos e de efetivar uma profunda reconciliação, ultrapassando os preconceitos, os ódios, os ressentimentos, os rancores e as divisões. Sobretudo, isto nos faz acreditar mais do que nunca na paz; que ela é possível e não é uma quimera quando se trabalha seriamente por ela, em todas sua dimensões: políticas, sociais, econômicas, culturais, espirituais, religiosas, etc.
            Tendo frente a nós este belo testemunho,  convido vocês a rezarem este mês pela reconciliação entre povos e nações no mundo. Sobretudo, alguns conflitos que parecem se perpetuar à causa da ausência de uma perspectiva de conjunto para sua solução. Pensemos, entre outros: no conflitos entre israelenses e palestinos; nos conflitos entre tribos na África; nos conflitos entre facções no interior de vários países; nos conflitos e rivalidades entre duas ou mais nações que se consideram inimigas. Rezemos especialmente por todas pessoas e grupos que trabalham para superar estes ódios, frequentemente considerados como ingênuos e sonhadores e, muitas vezes, como traidores do seu grupo ou do seu povo.
            Colocando nos mais profundo dos nosso ser todas estas situações de divisão, rezemos assim:
Ó Deus de toda paz, tu enviaste o Cristo, nossa paz, para derrubar o muro de separação existente entre os povos e fazer de toda a humanidade um só povo, fazendo morrer o ódio (Cf. Ef 2,14-15), nós te pedimos por todas as pessoas e grupos que se aplicam a trabalhar pela reconciliação e superar as mais diversas situações de conflito: que não se deixem tomar pelo desânimos, que resistam à críticas e perseguições, que tenham inventividade para propor novos caminhos. Sobretudo, para que sejam animados profundamente do Espírito de Unidade, este Espírito que reúne no Cristo a diversidade de culturas e visões. Por Cristo, Senhor nosso.

            Com amizade,

D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Carta Mensal - Maio de 2012


Tournay, 30 de abril de 2012.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
            No dia 15 de maio, muitos grupos e organizações pacifistas celebram o Dia Mundial da Objeção de Consciência. Em geral, a objeção de consciência se aplica ao serviço militar ou à participação em guerras, mas pode ser aplicada a outros casos, como, por exemplo, como Martin Luther King que se recusou a obedecer as leis que segregavam os negros americanos. A objeção de consciência é um direito que as pessoas possuem de recusar “em consciência a seguir as prescrições das autoridades civis se forem contrárias às exigências da ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas ou aos ensinamentos do Evangelho” (Cf. Catecismo da Igreja Católica, 2242). Leis injustas colocam as pessoas diante de problemas dramáticos de consciência: quando são chamados a colaborar em ações moralmente más, têm a obrigação de recusar. Além de ser um dever moral, a objeção de consciência é também um direito humano fundamental.
            O cristianismo muito contribuiu para o desenvolvimento deste princípios com sua visão de liberdade e consciência. No livro dos Atos dos Apóstolos, as autoridades religiosas proíbem aos apóstolos de anunciar o nome de Jesus Ressuscitado. Questionados porque não acatavam essa determinação, eles responderam: “Importa obedecer mais a Deus do que aos homens” (At 4,19).
            O desenrolar da história da Igreja oferece muitos exemplos de objetores de consciência. O padroeiro dos objetores é São Maximiliano, martirizado em 295, em Teveste, África do Norte, com a idade de 21 anos, por causa de sua recusa em fazer o serviço militar. Durante o processo, ele afirmou: “Eu não posso servir, eu não posso fazer mal, pois eu sou cristão”. E acrescentou: “Eu sirvo ao Cristo, pois ele é o príncipe da vida, o autor da salvação”. Lactâncio (+325), escritor cristão também da África do Norte, afirmava o absoluto da ordem divina de não matar: “Quando Deus proíbe de matar, ele não proíbe somente o assalto, ilícito mesmo para as leis do Estado, mas ele nos convida mesmo a não fazer os que os homens tem por lícito. É por isso que o justo não pode ser soldado, pois o serviço militar do justo é a justiça mesma” (Cf. Instituições Divinas, VI,20,15). De exemplos recentes, temos o testemunho de Franz Jägerstätter, beatificado em 2007. Pai de três filhas, ele se recusou a servir o exército nazista por razões de sua fé cristã. Preso, foi condenado à morte e decapitado em 9 de agosto de 1943: ele é um dos testemunhos contemporâneos desta força da consciência.
            Fora dos círculos cristãos, temos muitos exemplos de objetores de consciência que se recusam a fazer o serviço militar, arcando com a prisão a consequência de suas decisões. Também é conhecido o movimento Yesh Gvul (“Há um limite”), reunindo pessoas que recusam de servir ao exército israelense ou mesmo soldados que não aceitam participar de atos repressivos. Muitos oficiais israelenses foram presos porque não aceitaram participar de ações militares repressivas.
No mês passado, rezamos pelo desarmamento: nenhum centavo para a guerra! Este mês rezamos pelos objetores: nenhuma pessoa para a guera! Nesta intenção, rezemos assim:
“Ó Deus de toda paz, tu criaste o homem e a mulher à tua imagem e semelhança: no santuário da consciência de cada pessoa humana, tu te fazes presente e tu nos conduzes a seguir na trilha dos teus mandamentos. Nós te pedimos por todos aqueles que, fiéis à teu mandamento de “não matar”, recusam à colaborar com toda violência, sendo por isto sancionados pela sociedade. Que eles permaneçam firmes na fidelidade às tuas leis. Que a força desta profecia inspire a humanidade a concretizar a visão do profeta Isaías: “Ninguém mais será treinado para a guerra!” (Cf. Is 2,4). Por Cristo, Senhor nosso.”


            Com amizade,

D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Carta Mensal - Abril de 2012


Tournay, 31 de março de 2012.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
O Presidente dos Estados Unidos, prêmio Nobel da paz 2009, chamou a atenção do mundo inteiro ao anunciar, no dia 5 de janeiro p. p., a retirada dos exércitos americanos do Iraque e a redução do orçamento militar do seu país, com um corte de 450 bilhões de dólares para os próximos dez anos.
Na verdade, a redução dos gastos militares tem sido um grande clamor mundial diante do crescimento deste índice. Este ano, o dia 17 de abril foi escolhido como “Dia Mundial de Ação Contra Gastos Militares”. Assim convido a vocês a rezar pela redução dos orçamentos militares, para que se concretize a profecia de Isaías, “as espadas serão transformadas em arados e as lanças em foices” (Is 2,4).
Segundo os dados do SIPRI, Instituto Internacional de Estocolmo para Pesquisas de Paz, em 2010, os orçamentos militares e despesas com armamentos foram de cerca U$ 1.681.000.000.000,00! Em números absolutos, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar, com despesas de 1.464 bilhões de dólares anuais, correspondendo a 41,5% do orçamento mundial. Segue a China, com 84,9 bilhões de dólares e 5,8% das despesas mundiais. Em terceiro lugar, a França com 65,7 bilhões de dólares e 4,5% das despesas do mundo. Em quarto lugar, o Reino Unido (65,3 bilhões e 4,5%); em quinto, a Rússia (58,6 bilhões e 4%). O Brasil ocupa a 13a posição, com despesas anuais de 25,3 bilhões de dólares e 2% dos gastos mundiais.
Numa lista de 172 países (www.indexmundi.com/g/r.aspx?v=132&1=pt), comparando a relação entre o orçamento militar e porcentagem do PIB, os dez primeiros são Omã (11,4), Catar (10,0), Arábia Saudita (10,0), Iraque (8,6), Jordânia (8,9), Israel (7,3), Iêmen (6,6), Eritreia (6,3), Macedônia (6,0) e Síria (5,9). Em último lugar está a Islândia, com 0% de gastos! Os Estados Unidos ocupam a 24a posição (4,0%); a França, a 55a posição (2,6) e o Brasil a 89a posição, com 1,7%.
A cada dólar investido no social, o mundo gasta dois mil dólares em armas, numa desproporção não somente escandalosa, como aviltante. Segundo especialistas, os investimentos de apenas dois meses em gastos militares seria necessários para atender as necessidades básicas de saúde e educação de todo o mundo. Por que gastamos tanto dinheiro em armas? Porque áreas essenciais como educação e saúde são relegadas em detrimento de um investimento militar?
Assim tocamos num dos aspectos mais complexos nos debates da paz, sua dimensão político-econômica. Considerando a crise que ameaça o planeta nas suas diversas dimensões (econômica, ecológica, sanitária, etc.), faz-se necessário assegurar a destinação dos meios financeiros para as necessidades humanas, como a alimentação e não o desenvolvimento do complexo militar-industrial. Já são várias as organizações que apoiam este ponto de vista. Mas a redução dos orçamentos militares não se fará se não houver uma pressão internacional visível e exigente. Asseguremos com nossa prece este movimento, rezando assim:
“Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo: reprime as guerras na face da terra, ele quebra os arcos, as lanças destrói, e queima no fogo os escudos e as armas” (Sl 45,9-10). Ó Deus de paz, manifesta tua força entre nós e concretiza esta prece do salmista. Inspira a humanidade a reduzir seus gastos com armas e a investir mais nas necessidades de todos os seres humanos, teus filhos amados, criados à tua imagem e semelhança. Por Cristo, Senhor nosso.
            Com amizade e os votos de uma santa e feliz Páscoa da Ressurreição,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

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Pe.Irineu, Tournay, 31 de marzo de 2012
            Queridos amigos y amigas EM BUSCA DA PAZ,            
                          Paz!
El Presidente de los Estados Unidos, premio Nobel de la paz 2009, ha llamado la  atención del mundo entero al anunciar, el dia 5 de enero pasado la retirada de los ejercitos americanos de Iraque y la reducción del presupuesto  militar de su pais, con um recorte de 450 mil millones  de dólares para  los proximos diez años.
En verdade, la reducción de los gastos militares ha sido un gran clamor mundial frente al crecimento de este indicador. En este año, el dia 17 de abril há sido escojido  como  “Dia Mundial de Acción Contra Gastos Militares”. Asi los invito  a rezar por la reducción de los presupuestos  militares, para que se concretizce la profecia de Isaías, “las espadas serán transformadas en arados y las lanzas  em hoces” (Is 2,4).
Segun  datos del SIPRI, Instituto Internacional de Estocolmo para Investigaciones de Paz, en 2010, los presupuestos  militares y gastos con armamentos fueron de aproximadamente U$ 1.681.000.000.000,00! En números absolutos, los Estados Unidos ocupan el primer puesto, con gastos de 1.464 mil millones  de dolares anuales,  que coresponden al 41,5% do presupuesto  mundial. Sigue  China, con 84,9 mil millones de dolares y 5,8% de los gastos mundiales. En tercer puesto,  Francia con 65,7 mil millones  de dolares y 4,5% de los gastos  del mundo. En cuarto puesto  Reino Unido (65,3 mil millones  y 4,5%); en quinto, Rússia (58,6 mil millones y el  4%). Brasil ocupa la 13aposición, con gastos  anuales de 25,3 mil millones de dolares y el  2% de los gastos mundiales.
En um listado de  172 países (www.indexmundi.com/g/r.aspx?v=132&1=pt),  y    comparando la relación entre el presupuesto militar y porcentage del PIB, los diez primeiros son Oman (11,4), Quatar (10,0), Arabia Saudita (10,0), Iraque (8,6), Jordania (8,9), Israel (7,3), Iemen (6,6), Eritrea (6,3), Macedonia (6,0) y Síria (5,9). En  último puesto esta Islandia, con 0% de gastos! Los Estados Unidos ocupan  la 24aposição (4,0%);  Francia, la 55aposição (2,6) y Brasil la 89aposição, con 1,7%.
Por cada dolar invertido em lo social, el mundo gasta dos mil dolares en armas, en una desproporción no solamente escandalosa, cómo vil. Según especialistas, las inversiones de apenas dos meses en gastos militares serian necesarias (suficientes) para atender  las necesidades basicas en salud y educación de todo el mundo. Por que gastamos tanto dinero en armas? Porque areas essenciales cómo educación y salud son  relegadas en función de una inversión militar?
Asi tocamos em uno de los aspectos mas complejos enlos debates de paz, su dimensión político-economica. Considerando la crisis que ameaza el planeta en sus diversas dimensiones (econômica, ecologica, sanitaria, etc.), se hace  necesario asegurar la destinación de los medios financieros para las necesidades humanas, como alimentación y no  em el desarrollo del aparato militar-industrial. Existen ya varias organizaciones que apoyan este punto de vista. Sin embargo la redución de los presupestos  militares no se hará si no hubiese  una presión internacional visible y exigente. Aseguremos con nuestra oración este movimento, rezando asi:
Ven a ver, contemple  los prodígios de Dios y  la obra estupenda que realizo em el  universo: reprime las guerras em la faz de la tierra, él quiebra los arcos, las lanzas destruye, y quema  em el fugo os escudos y  las armas” (Sl 45,9-10). Oh Dios de paz, manifiesta tu fuerza entre nosotros y concretiza esta plegaria  del salmista. Inspira  la humanidad a reducir sus gastos con armas e a invertir más em las necesidades de todos los seres humanos, tus hijos amados, creados a tu imagem y semejança. Por Cristo, Señor nuestro.

Con amistad y los deseos  de una santa y feliz Pascua de la Resurrección,


                                                   D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Carta Mensal - Março de 2012


Tournay, 10 de fevereiro de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Continuemos a aprofundar o tema escolhido pelo Papa Bento XVI para a 45a Jornada Mundial da Paz, “Educar os jovens para a paz e a justiça”. A simples enunciação nos faz colocar a questão: quem educará os jovens para a paz e a justiça? Assim, convido vocês a rezar para que Deus suscite profundos e autênticos “educadores de paz para a juventude”.
O Papa mesmo coloca esta questão no belo texto que escreveu, quando discorre sobre “Os responsáveis da educação”. Eles começa sua reflexão por descrever os educadores, dizendo claramente que “não bastam meros dispensadores de regras e informações; são necessárias testemunhas autênticas, ou seja, testemunhas que saibam ver mais longe do que os outros, porque a sua vida abraça espaços mais amplos. A testemunha é alguém que vive, primeiro, o caminho que propõe” (n. 2).
O Papa insiste, em primeiro lugar, sobre o papel das famílias na educação para a paz: “esta é a primeira escola onde se educa para a justiça e a paz” (n. 2). E após descrever os diversos obstáculos que as família encontram, sejam de ordem econômica, social, cultural, entre outros, o Papa proclama esta exortação aos pais: “Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas”.
O Papa também se dirige aos responsáveis das instituições com tarefas educativas. A eles o pedido de Bento XVI vai em duas linhas. A primeira, para que a educação respeite e valorize, em todas as circunstâncias, a dignidade de cada pessoa. A segunda, para que a educação seja “lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar ativamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna”.
Em outros espaços, defini certa vez o educador para a paz por três características. A primeira, na linha de que o Papa dizia acima, é a primazia do vivido sobre o enunciado: o educador para a paz é aquele que é paz, mais do que diz sobre paz, numa unidade entre meios e fins. Afinal, “não existe caminho para a paz, a paz somente é o caminho”, de forma que os fins jamais justificam os meios; pelo contrário, os meios são embriões dos fins e os fins estão embutidos nos meios! A segunda característica é sua capacidade de trabalhar comunitariamente, de fazer ressoar nos outros o entusiasmo pela causa da paz: a construção da paz se apoia sobretudo nos vínculos que criamos uns com os outros. Finalmente, a terceira característica, o educador para a paz é aquele que se insere no grande movimento pela paz, participando ativamente de uma ou mais de suas áreas de atuação: cultura de paz, direitos humanos, resolução de conflitos, desarmamento e segurança humana.
Vislumbrando, então, estes caminhos, convido vocês a rezar assim:
Ó Deus de ternura, teu filho Jesus nos enviou a anunciar a paz para todas as casas (Cf. Lc 10,5). E também nos pediu para suplicar a ti para enviar operários para o teu Reino (Cf. Lc 10,2). Assim nós te pedimos por todos os educadores, sejam pais, sejam profissionais da educação, para que sejam instrumentos de paz junto à juventude. Agindo sem violência, ensinem aos jovens que a violência nada pode construir de estável e, oportunizando vivências de paz, apontem caminhos de construção de uma vida e de uma sociedade de justiça e paz. Por Cristo, Senhor nosso.

            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Carta Mensal de Fevereiro


Tournay, 30 de janeiro de 2012.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
No mês passado, convidei vocês a rezar, em comunhão com o Papa Bento XVI, o tema da 45a Jornada Mundial da Paz, “Educar os jovens para a paz e a justiça”. Este mês, e no próximo, penso que poderemos desdobrar este vasto tema, rezando por “espaços de educação para a paz para a juventude”.
Se queremos educar os jovens para a paz e a justiça, é preciso pensar os espaços e meios desta educação. Não podemos cair na tentação, sempre presente, de responsabilizar a própria juventude. Pelo contrário, precisamos fazer uma avaliação profunda de nossa sociedade e de nossa cultura, para viabilizarmos instrumentos de educação para a paz e a justiça para a juventude.
Em primeiro lugar, a própria escola. É hora, mais do que nunca, de pensarmos em uma escola para a paz. Devemos reconhecer que a escola cumpre um papel importante na socialização de crianças e jovens, pois é lá que eles passam uma boa parte do tempo. No entanto, se a escola cumpre várias metas, ela deixa muito a desejar no que diz respeito à uma educação para a paz. Esse tipo de formação é tão importante que não podemos deixar dependendo da boa vontade de alguns, mas deve ser incluído nas políticas de educação. Por que não pensar em uma escola, por exemplo, que ensine crianças e jovens a resolverem conflitos de forma não-violenta? Por que não sonharmos com uma escola que ensine crianças e jovens a lidar e trabalhar sua agressividade, canalizando-a de forma construtiva? Uma escola para a paz será aquela que oferece vivências de paz e de não-violência à seus sujeitos: mais do que nunca é tempo de acreditarmos que se uma escola oferece vivências de paz inesquecíveis, insubstituíveis e inesgotáveis, estas terão uma força de orientação muito grande na vida de crianças e jovens. Mas uma escola para a paz é também aquela que se estrutura de forma não-violenta. Como afirma o pensador francês Jean-Marie Muller, “a educação para a não-violência tem que começar pela não-violência da educação”. Esta escola da paz saberá também relacionar a paz com os saberes que transmite. Ou insistiremos ainda em dizer que a ciência é neutra, quando propomos problemas tipo “um canhão lança uma bala a um alvo à 300 metros, numa velocidade de 60 m/s, quanto tempo levará para atingir seu alvo”?
Também sabemos que a escola tem limites e que ela não é a única instância formativa de nossas crianças e jovens. Por isso, além de políticas públicas de educação formal para a paz, é preciso pensar na  educação para a paz que se realiza de modo informal. Aqui penso no papel dos meios de comunicação, mas também de outras instâncias como clubes, associações, sindicatos. Também a cidade, no seu todo, com seus outdoors e outros equipamentos, mas também na sua maneira de se organizar, enviam mensagens a todos nós no que diz respeito à violência, não-violência e paz, exercendo um verdadeiro papel pedagógico. Isto sem esquecer o que chamamos hoje de “novas tecnologias”, as quais exercem uma influência cada vez mais decisiva sobre crianças e jovens, influenciando suas orientações, valores, critérios de julgamento, etc.
Frente a tantos desafios, convido vocês a rezar assim:
Ó Deus de ternura,tua palavra é de paz: é a paz que tu anuncias, paz para o teu povo e yeus amigos (Cf. Sl 85,9). Nós te pedimos que as crianças e jovens de nosso tempo possam escutar esta tua mensagem e deixar que ela se desenvolva profundamente nas suas consciências. Que todos os espaços de educação da infância e da juventude – escola, meios de comunicação, novas tecnologias, associações etc. – ofereçam “visões de paz”, para que eles possam amadurecer guiados e estruturados por estes valores. Por Cristo, Senhor nosso.


            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2012 - A primeira carta do ano!


Tournay, 27 de dezembro de 2011.

            Queridos amigos e amigas EM BUSCA DA PAZ,
                        Paz!
Pela 45a vez, os papas propõem um tema para guiar a reflexão dos cristãos e de todas as pessoas de boa vontade para o o dia 1º de janeiro, consagrado pela Igreja Católica como “Dia Mundial da Paz”. Este ano de 2012, o Papa Bento XVI escolheu o tema: “Educar os jovens para a justiça e a paz”. Em meio às incertezas de nosso tempo, no entanto, há a esperança de uma nova aurora. Para o papa, “esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens”; e é por isso a mensagem de paz volta-se para eles, “convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo”. E, assim, o Papa convida “todas as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, econômica, cultural e mediática” à “prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz”, “como um dever primário de toda a sociedade” (nº 1).
Bento XVI começa sua reflexão mostrando a responsabilidade de toda sociedade para esta tarefa de educar a juventude para a paz e a justiça (nº 2). Depois o papa desenvolve alguns aspectos deste tema:
-                   educar para a verdade e a liberdade, num mundo marcado, ao mesmo tempo, pelo relativismo e pelo esquecimento de Deus (nº 3);
-                   educar para a justiça numa sociedade “onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante as proclamações de intentos, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter” (nº 4);
-                   educar para a paz,  “fruto da justiça e efeito da caridade”, dom de Deus e obra  ser construída (nº 5);
O Papa conclui sua reflexão convidando a “levantar os olhos para Deus”: “Olhemos, pois, o futuro com maior esperança, encorajemo-nos mutuamente ao longo do nosso caminho, trabalhemos para dar ao nosso mundo um rosto mais humano e fraterno e sintamo-nos unidos na responsabilidade que temos para com as jovens gerações, presentes e futuras, nomeadamente quanto à sua educação para se tornarem pacíficas e pacificadoras! Apoiado em tal certeza, envio-vos estas reflexões que se fazem apelo: Unamos as nossas forças espirituais, morais e materiais, a fim de « educar os jovens para a justiça e a paz » (nº 6). O texto completo pode ser lido em http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/peace/documents/hf_ben-xvi_mes_20111208_xlv-world-day-peace_po.html.
            Inserindo-nos numa grande rede de orantes pela paz, reservemos um momento da nossa jornada deste 1º de janeiro para um momento de silêncio e oração. Rezemos assim:
            Ó Deus, de justiça e de paz, tu renovas o mundo com o dom precioso da juventude. Nós te pedimos por ela: que não se deixe invadir pelo desânimo, nem se abandone a falsas soluções; que dotada de coragem, enfrentando a fadiga e o sacrifício, possa optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação. Que todos, jovens e adultos, trabalhemos junto para tornar realidade, em todas as dimensões da vida humana, a paz que os anjos proclamaram quando o teu Cristo nasceu. Por Ele te pedimos, Ele que é nossa paz, Deus contigo, na unidade do Espírito Santo. Amém!
            Feliz Ano Novo!
            Com amizade,
D. Irineu Rezende Guimarães, O. S. B.