A paz e a participação das mulheres
A
todos vocês que procuram a paz :
Paz !
A ONU proclamou o dia 8 de
março como o « Dia Internacional das Mulheres » para suscitar uma
tomada de ação à propósito do papel das mulheres na sociedade atual. Nesta
ocasião eu vou convidá-los a refletir e rezar sobre a contribuição das mulheres
para a paz no mundo. Se elas muitas vezes são vítimas da guerra e dos
conflitos, elas também são construtoras importantes da reconciliação.
Se muitos processos e diálogos
pela paz nao se efetivam é porque não se dá espaço suficiente para as mulheres.
O médico palestino Izzedin Abuelaish, que perdeu três filhas num bombardeamente
em Gaza, e fundou « Filhas pela vida », afirma : « Nós
devemos aceitar a idéia de que as mulheres podem contribuir muito nas mudanças
a serem realizadas. (...) Quando os valores femininos serão levados em
consideração em todos os níveis da sociedade, os valores desta sociedade vão
mudar e a vida será mais fácil ».
Para se assegurar a participação
das mulheres nas negociações de paz o Conselho de Segurança da ONU, na sua
sessão numero 4213, no dia 31 de outubro de 2000, aprovou Resolução 1325. Este documento propõe que a
ONU e seus Estados Membros possam se empenhar para dar às mulheres um lugar
importante na prevenção dos conflitos, nas negociações de paz, assim como na
reconstrução das sociedades destruídas pela guerra. Três palavras podem resumir
esta resolução: prevenção, proteção e participação.
A
Resolução insiste que as nações façam esforços para que as mulheres sejam
melhor representadas em todos os níveis das tomadas de decisão – nacional,
regional ou internacional – para prevenção, gestão e normatização dos
conflitos. Que elas estejam mais presentes na qualidade de observadoras
militares, de membros da policia civil, de especialistas dos direitos do homem
e como membros de operações humanitárias. O documento propõe igualmente uma conduta
que se preocupe com a imparcialidade entre os sexos por ocasião da negociação e
da execução dos acordos de paz. Ele exige também que todas as partes envolvidas
em um conflito armado respeitem plenamente as normas do direito internacional
em relação às mulheres e às meninas, protegendo-as contra os atos de violência,
em particular o estupro e outras formas de agressão sexual. Este documento
propõe a introdução da perspectiva de gênero no processo de paz : temos
que repensar a relação homem e mulher numa perspectiva de parceiros pela paz, o
que exige uma nova compreensão da identidade masculina, menos guerreira e mais
conciliadora.
A fim de que estas resoluções sejam colocadas em
prática por todos os países do mundo, rezemos ao Senhor :
Ó Deus da
paz, tu criaste o homem e a mulher à tua imagem e semelhança para que eles
sejam um só. Abençoa todas as inciativas de colaboração entre homens e mulheres
pela paz do mundo. Inspira todas as mulheres que se consagram à reconciliação e
à resolução dos conflitos. Ilumine todos os chefes de nações para que eles
possam dar às mulheres mais espaço nas negociações e nos processos de paz. E
toda terra reconciliada, como uma grande familia, bendirá teu nome para todo
sempre. Amém.
Com
toda minha amizade,
Dom Irineu Rezende Guimarães
monge benditino da Abadia de
Notre-Dame, Tournay, França
Tournay, 25 de fevereiro de
2014.
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